Nós somos criaturas frágeis, imperfeitas, como seres humanos, vazios cercados pelo temor. Caminhamos por este mundo sempre à busca de algo que possa nos completar, saciar, alegrar e preencher.
Perceba como Jó descreveu sua situação:
“Não tenho descanso, nem sossego, nem repouso, e já me vem grande perturbação.” (Jó 3.26)
Desde que o pecado entrou no mundo e corrompeu a natureza do homem, que até então era plena e satisfeita em Deus, o ser humano passou a carregar, dentro de si, um imenso vazio interior. Isso porque ele se sente perdido, sozinho e tomado pelo temor.
Mas, nem sempre foi assim. Antes, tudo era perfeito e agradável. Isso porque o homem tinha um relacionamento direto com Deus e era completamente satisfeito Nele. Mas, veio a Queda e, com ela, o sentimento do temor.
Moisés nos relata esse episódio ocorrido lá no Jardim do Éden:
“E chamou o SENHOR Deus ao homem e lhe perguntou: Onde estás?
Ele respondeu: Ouvi a Tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi.” (Gênesis 3.9-10)
O que acontece hoje não é diferente. Isso porque as nossas aflições neste mundo caído são muitas e, junto a elas, o temor e a insegurança quanto à vida e ao futuro.
Jesus nos alertou sobre o seguinte:
“Falei essas coisas para que em Mim vocês tenham paz. No mundo, vocês passam por aflições; mas tenham coragem: Eu venci o mundo.” (João 16.33)
Eu sei que há um tipo de temor natural e protetivo — aquele que nos faz olhar para os lados antes de atravessar a rua. No entanto, eu me refiro ao temor que aprisiona, paralisa e rouba a nossa paz.
Esse temor que nos afasta de Deus, que nos faz tentar nos esconder de Sua presença, como fez Adão, ainda, hoje, atua em nós. Este é um temor que nos impede de confiar na bondade e paciência do Deus altíssimo.
Mas, afinal, quais temores têm afligido você?
Talvez seja o da morte, da sua ou de alguém que você ama. E esse é um temor paralisante que traz angústia e nos faz fugir da realidade.
Ou talvez você tenha temor de doenças, dessas tantas que assolam com severidade o nosso mundo corrompido. Quem sabe, o seu temor seja a respeito do tempo, que passa depressa e leva você a recear não encontrar um companheiro, ou uma companheira, e não ter a chance de formar uma família ou, até mesmo, não poder mais ter filhos.
Há quem viva com temor dentro do próprio lar. Um lar assim é um lar onde não há paz. Ali impera a discórdia, a violência, o vício ou, até mesmo, a rejeição.
Uma pessoa, certa vez, disse: “Eu acordo todos os dias sem saber se ainda estarei viva até o final do dia.”
Qual é o seu temor? Você tem algum?
Talvez o seu temor esteja ligado ao futuro profissional, à pressão de decidir qual curso seguir, à incerteza da carreira, ao receio de não alcançar o sucesso tão sonhado. Talvez possa, ainda, estar ligado à possibilidade de ficar desempregado e de não conseguir sustentar a família.
Quem sabe, o seu temor esteja ligado aos seus relacionamentos. Você tem o temor de se abrir, de ser traído, de ser deixado, de se separar? Ou tenha o temor da solidão, de não ter amigos verdadeiros?
Para alguns, o temor está focado nas dívidas que se tornaram incontroláveis. Para outros, está nos filhos que não ouvem, que se desviaram, que estão nas drogas ou até presos.
Há quem tema a sua própria aparência. O seu corpo, o seu rosto, os seus cabelos, tudo parece imperfeito aos seus olhos. Então, a pessoa se entrega a dietas, tratamentos, plásticas, botox, tentando moldar o seu visual ao que julga ser o ideal; o temor de não ser aceito domina essa pessoa.
Alguns tem, ainda, o temor de receber más notícias, principalmente quando alguém muito querido adoece gravemente.
Com certeza, todos esses temores são reais, profundos, que nos tiram o sono e a paz. Veja como Davi expressou o seu próprio sentimento de temor enquanto suplicava ao Senhor:
“O meu coração estremece no peito, terrores de morte caem sobre mim.
Temor e tremor me sobrevêm, e o horror se apodera de mim.” (Salmos 55.4-5)
A verdade é que, todos nós, somos seres limitados, mortais e frágeis. Por isso, buscamos incessantemente por algo que nos complete, que nos preencha o vazio e esconda as nossas inseguranças. Dessa forma, tentamos nos curar emocional, física e espiritualmente com soluções que são humanas.
A Palavra nos mostra que até os grandes homens de Deus passaram por perturbações. Por exemplo, Abraão se perturbou com a exigência de Deus quando pediu o sacrifício de Isaque. O próprio Jesus teve o coração perturbado. Veja o que Ele disse:
“Agora Meu coração está perturbado, e o que direi? Pai, salva-Me desta hora? Não; Eu vim exatamente para isto, para esta hora.” (João 12.27)
Perceba que mesmo diante da perturbação, Cristo não se deixou dominar pelo temor. Portanto, não desanime, pois há uma esperança! E a nossa esperança está, justamente, Nele. Então, a nossa esperança tem nome: Jesus Cristo. Ele é o alvo, o nosso caminho e fim, não havendo outro que possa nos libertar, curar ou salvar.
Ainda que o mundo ofereça muitos caminhos, há somente um que leva à vida. Tudo está sob o controle de Deus, e o que devemos fazer é confiar, mesmo quando e se estivermos tomados por temores. Veja o que escreveu Davi:
“Mas eu, quando estiver com temores, confiarei em Ti.
Em Deus, cuja palavra eu louvo, em Deus eu confio e não temerei.
Que poderá fazer-me o simples mortal?” (Salmos 56.3-4)
Então, faça como Davi. Entregue os seus temores a Cristo. Não permita que eles dominem a sua mente e o seu coração. Lance sobre Ele toda a sua ansiedade. Sim, o mundo é cheio de aflições, mas Jesus venceu — e se estivermos Nele, nós também venceremos. Veja o que Jesus afirma:
“Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em Mim, ainda que morra, viverá;
e quem vive e crê em Mim, não morrerá eternamente. Você crê nisso?” (João 11.25-26)
Ter fé em Cristo é o primeiro princípio do evangelho. E é também o primeiro passo para vencer o seu temor. Ele já cuidou de tudo, inclusive de você.
Vou terminar com um versículo que se encontra no livro dos Salmos:
“Busquei o SENHOR, e Ele me acolheu; livrou-me de todos os meus temores.” (Salmo 34.4)
Quando os temores baterem à sua porta, faça como o salmista: decida buscar o Senhor. Essa não é uma atitude de derrota, mas de sabedoria — pois é ao se reconhecer fraco e dependente que você abre espaço para que Ele atue com todo o Seu poder.
Você não precisa fingir que consegue resolver tudo. O salmista também não podia, mas ele sabia a Quem recorrer. E a promessa é clara: quem busca o Senhor é acolhido. Sem exceções. Sem demora.
Por isso, hoje, em vez de tentar vencer os seus medos com suas próprias forças, corra para os braços dEle. Ali, você será recebido com amor. E cada temor seu — seja qual for — será enfrentado pela mão que criou o universo.
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