Vivemos em tempos conturbados. O livro de Daniel e suas visões, porém, mostram que tudo está sob o controle do nosso Deus.

A partir do capítulo 7 de Daniel, temos um texto de estilo apocalíptico, um estilo que era comum naquele período. Há uma mudança radical no estilo do livro, que passa de um estilo narrativo para esse estilo mais enigmático.

Apesar dessa mudança de estilo, quando compreendemos o novo estilo e estudamos Daniel 7-12, podemos ser extremamente abençoados hoje.

Com este post, leitor, quero poder abençoá-lo com a boa Palavra de Deus.

As visões de Daniel

É interessante percebermos que no capítulo 7 Daniel tem um sonho. Já no capítulo 8 Daniel tem uma visão.

Digamos que o que muda com isso é o grau de consciência do evento. Daniel estava acostumado a lidar com sonhos. Desde o início do livro é revelado a nós que Deus deu a Daniel um dom especial para revelar sonhos.

Sonhos são aquelas imagens criadas em nossa mente enquanto estamos dormindo. As visões, por outro lado, são dadas enquanto Daniel está acordado.

As visões dadas a Daniel são para ensiná-lo, para confortá-lo. Sobretudo, porém, são dadas para mostrar a Daniel que tudo na História está sob controle, embora tudo pareça caótico.

Ele tem essa visão no ano do reinado de Belsazar, ou seja, ainda no domínio babilônico, antes da invasão persa.

Essa ordem dos impérios que dominaram o mundo é importante para entendermos o contexto do mundo e do Novo Testamento.

A ordem dos impérios é: o babilônico, o medo-persa, o grego e o romano.

As visões e seus significados

Em Daniel 8, encontramos visões de dois animais: um carneiro e um bode. O próprio texto nos dá a interpretação de quem são esses dois animais. O carneiro é o império persa e o bode é o império grego.

“Aquele carneiro com dois chifres, que viste, são os reis da Média e da Pérsia,

mas o bode peludo é o rei da Grécia; o chifre grande entre os olhos é o primeiro rei.” (Daniel 8.20-21)

As visões são de dias distantes

Temos um destaque de que as visões tratam de dias distantes para Daniel.

“Veio, pois, para perto donde eu estava; ao chegar ele, fiquei amedrontado e prostrei-me com o rosto em terra; mas ele me disse: Entende, filho do homem, pois esta visão se refere ao tempo do fim.” (Daniel 8.17, grifos meus)

“E disse: Eis que te farei saber o que há de acontecer no último tempo da ira, porque esta visão se refere ao tempo determinado do fim.” (Daniel 8.19, grifos meus)

“A visão da tarde e da manhã, que foi dita, é verdadeira; tu, porém, preserva a visão, porque se refere a dias ainda mui distantes.” (Daniel 8.26, grifos meus)

Repare no destaque, referindo-se ao tempo do fim como dias ainda distantes. No entanto, é passado para nós.

É diferente da visão do capítulo 7. Essa era uma visão do anticristo escatológico e a vitória de Cristo, aguardada tanto por Daniel quanto por nós. O anticristo do capítulo 8 é um protótipo, um modelo, um ensaio do anticristo escatológico, aquele que vem imediatamente antes da volta de Cristo.

Eram dias muito distantes para Daniel. Hoje, porém, conseguimos ver claramente os líderes dos impérios que se levantaram e podemos fazer uma avaliação muito precisa.

É impressionante vermos como as revelações das Escrituras são fidedignas.

Os impérios

“Então, levantei os olhos e vi, e eis que, diante do rio, estava um carneiro, o qual tinha dois chifres, e os dois chifres eram altos, mas um, mais alto do que o outro; e o mais alto subiu por último.” (Daniel 8.3)

O carneiro

O reino retratado pelo carneiro é o império medo-persa, que teve um segundo líder maior do que o primeiro.

O primeiro líder foi o rei Dario, rei da Média. O segundo foi Ciro, o Grande. Na fusão dos impérios medo e persa, o reino se torna muito grande, aumentando muito a dominação que a Babilônia tinha até então.

O bode

“Estando eu observando, eis que um bode vinha do ocidente sobre toda a terra, mas sem tocar no chão; este bode tinha um chifre notável entre os olhos.” (Daniel 8.5)

O bode é um bode que voa. Isso demonstra a rapidez com que esse império impõe a sua conquista.

O bode é o império grego. O chifre que surge entre os olhos é o primeiro rei da Grécia. Esse rei é Alexandre, o Grande. Em apenas 13 anos, ele dominou o mundo conhecido. Em apenas três batalhas, derrotou os medos e persas. Com 33 anos, Alexandre, o Grande, morreu.

Imagine alguém que com 20 anos se torna o dono do mundo.

“O bode se engrandeceu sobremaneira; e, na sua força, quebrou-se-lhe o grande chifre, e em seu lugar saíram quatro chifres notáveis, para os quatro ventos do céu.” (Daniel 8.8)

A divisão do império grego

No império grego, Alexandre, o Grande, não deixou herdeiro. Assim, das quatro regiões do império surgiram líderes para poderem levar o reino adiante: Cassandro, Lisímaco, Ptolomeu e Selêuco.

Os mais importantes seriam Ptolomeu e Selêuco, que trariam grande prejuízo para o povo de Deus no período interbíblico.

Antíoco Epifânio

“De um dos chifres saiu um chifre pequeno e se tornou muito forte para o sul, para o oriente e para a terra gloriosa.” (Daniel 8.9)

Esse foi Selêuco, da região da Síria, cujos habitantes também eram chamados de selêucidas. Ele é o chifre pequeno que se tornou forte.

Surge um líder selêucida chamado Antíoco Epifânio. Ele é descrito nos versículos 11 e 24.

“Sim, engrandeceu-se até ao príncipe do exército; dele tirou o sacrifício diário e o lugar do seu santuário foi deitado abaixo.” (Daniel 8.11, grifos meus)

“Grande é o seu poder, mas não por sua própria força; causará estupendas destruições, prosperará e fará o que lhe aprouver; destruirá os poderosos e o povo santo.” (Daniel 8.24, grifos meus)

Como podemos observar nesses versículos, Antíoco Epifânio militou contra o povo de Deus. Em Jerusalém, profanou o templo. Matou porcos, obrigou judeus a beberem seu sangue e a profanarem o templo de muitos modos diferentes.

Ele é tido como o protótipo do grande anticristo. Foi truculento, blasfemo e usurpador, militou contra o povo de Deus, profanou o templo e muito mais.

O fim de todos eles

“Por sua astúcia nos seus empreendimentos, fará prosperar o engano, no seu coração se engrandecerá e destruirá a muitos que vivem despreocupadamente; levantar-se-á contra o Príncipe dos príncipes, mas será quebrado sem esforço de mãos humanas.” (Daniel 8.25, grifos meus)

Nessa visão de Daniel, o anjo Gabriel, que é quem lhe revela essas coisas, mostra um pouco do que será o anticristo escatológico que será destruído e sem esforço de mãos humanas. Isso significa que o próprio Deus cuidará dele.

Entretanto, enquanto ele estiver exercendo seu poder, ele poderá destruir muitos que vivem despreocupadamente.

Conclusões

“Eu, Daniel, enfraqueci e estive enfermo alguns dias; então, me levantei e tratei dos negócios do rei. Espantava-me com a visão, e não havia quem a entendesse.” (Daniel 8.27)

As visões de Daniel não foram para que ele salvasse o mundo ou tomasse alguma grande providência. Certamente, ele deveria guardar as visões. O anjo diz isso a ele no versículo 26.

“A visão da tarde e da manhã, que foi dita, é verdadeira; tu, porém, preserva a visão, porque se refere a dias ainda mui distantes.” (Daniel 8.26)

No entanto, Deus quis revelar a Daniel que todos os líderes do mundo estão sob o Seu poder. Fazem a Sua vontade. É Deus quem põe e tira os governantes para exercer juízo sobre o pecado, sobre o Seu povo. Contudo, também depõe as autoridades para exercer misericórdia. Ele faz tudo isso como Lhe apraz.

Há muitas pessoas que buscam visões a todo o custo. Alguns afirmam ter visões a torto e a direito.

Não sei ao certo se Daniel gostou de ter essas visões. Sei que ele ficou enfermo por causa delas.

“Eu, Daniel, enfraqueci e estive enfermo alguns dias.” (Daniel 8.27a)

O que acho extraordinário nesse texto é que após ter visões tão surreais, ele volta a fazer suas atividades rotineiras. Daniel era um homem do palácio, um homem que servia os reis. Então, após as visões, Daniel volta a fazer as coisas do rei.

“Então, me levantei e tratei dos negócios do rei.” (Daniel 8.27b)

Essa é a prova do descanso que se tem por Deus estar no controle de todas as coisas.

Nosso Deus governa através dos homens maus. Ele guarda os que são Seus. Assim, sigamos com a nossa vida em verdadeira piedade, sabendo que Deus é o dono da História.

Gostou deste texto sobre visões?