Quando Deus criou todas as coisas, Ele estabeleceu uma ordem, a qual chamamos de ordem da criação. Cada coisa ou ser que Ele criou tem seu lugar e deve cumprir os objetivos estabelecidos por Ele. Isso tem relação não só com questões químicas e físicas, mas também com os papeis que Deus designou para o homem e a mulher. A partir dessa ordem da criação, estabeleceu-se a ordem social, cultural e espiritual. Portanto, quando menciono a masculinidade bíblica, eu me refiro àquilo para o qual Deus criou o homem. Podemos chamar de masculinidade bíblica o que Deus estabeleceu na criação e ensina por toda a Bíblia a respeito do que o homem deve ser e como deve viver.
A masculinidade, tal como Deus a estabeleceu na ordem da criação, está sob ataque desde a queda dos nossos primeiros pais. O primeiro homem falhou e nós o temos seguido desde então. Assim, não há nada de novo quando dizemos que a masculinidade bíblica está sob ataque. Na verdade, é uma realidade presente durante toda a história.
Entretanto, podemos nos perguntar: de onde vem esse ataque? Vem do diabo, do mundo e, para a nossa tristeza, a nossa própria carne nos incita a seguir a direção contrária àquela que Deus estabeleceu na ordem da criação.
O ataque não é novo, mas cada era reserva as suas próprias armadilhas.
Como o ataque se dá em nossos dias? A resposta para essa pergunta não é simples. As maneiras através das quais o ataque se dá são diversificadas. Basta olhar com seriedade e atenção para o ensino bíblico sobre a masculinidade e você perceberá o quanto a nossa cultura se opõe ao que Deus estabeleceu na ordem da criação.
O ataque aparece em filmes e séries, nas propagandas, nas músicas, nos programas jornalísticos ou de debate, nos livros, nas salas de aula e nas redes sociais. A isso se acrescentam toda a pressão de movimentos ideológicos, o patrulhamento nas redes sociais, as estatísticas e a palavra dos especialistas.
Em rebeldia contra Deus, a humanidade deseja subverter a ordem da criação. Deseja redefinir o que significa ser homem. Por isso, falam de “masculinidades”, no plural. Ou seja, cada um pode ser o que quiser e ao mesmo tempo se denominar masculino.
Entretanto, quanto à masculinidade bíblica, a qual chamam de masculinidade conservadora, incluindo aí caricaturas da masculinidade bíblica, para essa não há tolerância. Em outras palavras, qualquer masculinidade é aceita, com exceção da bíblica.
O ataque acontece com tanta intensidade e frequência que tende a inibir qualquer palavra ou atitude que se pareça com aquilo que é combatido.
Dessa maneira, os nossos filhos crescem num ambiente cultural em que assumir a masculinidade bíblica é vergonhoso. Isso sufoca a masculinidade e tende a produzir homens fracos, inúteis e covardes. Isso resulta em homens que não querem sair da comodidade da adolescência.
Assim como Adão não reagiu aos ataques da serpente contra a sua esposa no paraíso, nós temos assistido aos ataques do presente sem muita reação. Isso, em si, evidencia o sucesso desses ataques.
A serpente continua atacando, e uma parte considerável desses ataques é contra os homens. O diabo conhece o papel que Deus nos confiou. Sabe que, assim como Adão, nós temos a responsabilidade de cultivar e proteger. Assim, tornando-nos inoperantes, ele atinge as famílias e as igrejas.
Quando ele quis destruir o povo de Deus no Egito, ele procurou destruir os meninos. Hoje ele faz o mesmo. Está destruindo os meninos e rapazes de hoje que são os homens, maridos, pais, pastores, diáconos e presbíteros de amanhã.
Muitos dos nossos meninos e rapazes estão presos a uma vida fútil e infrutífera. Estão presos à tecnologia, aos jogos e à pornografia. Estão presos à ociosidade e à ignorância a respeito da verdadeira piedade.
A culpa disso é dos homens do presente. Assim como Adão, estamos apenas assistindo a tudo isso. Nossa passividade na família e na igreja terá consequências sobre nossos filhos, netos e as demais gerações.
Como homens cristãos, qual deve ser a nossa reação a todos esses ataques? Em muitos casos, a resposta também tem sido ideológica. Há uma procura pelas ideologias opostas àquelas que fomentam o ataque à masculinidade. Dessa forma, o objetivo do diabo é igualmente alcançado, pois esses homens abraçam uma masculinidade igualmente distante do modelo divino.
A única resposta apropriada do homem cristão a todo ataque infernal contra a masculinidade é um retorno à masculinidade bíblica. Num mundo em trevas, precisamos brilhar como luzeiros.
Para isso, precisamos seguir o segundo Adão, o Senhor Jesus Cristo. Nossa masculinidade deve ser conforme a perfeita varonilidade de Cristo:
“Até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo.” (Ef 4.13)
Retornar à masculinidade bíblica é, antes de tudo, imitar a Cristo. Isso o homem só pode fazer se estiver unido a Ele, se tiver sido alcançado por Sua graça salvadora e se tiver sido feito um novo homem, um homem que se parece com Cristo.
Contudo, uma vez que um homem é salvo em Cristo, estando unido a Ele, como pode se parecer mais e mais com Cristo? Como pode evidenciar mais e mais a masculinidade bíblica?
Para o bem de nossas famílias e futuras gerações, para o bem da igreja de hoje e de amanhã, e principalmente para a glória de Cristo, nós devemos reagir. Devemos nos levantar e agir como agricultores e soldados, que cultivam e protegem o jardim que nos foi confiado.
Essa reação deve começar por aplicarmos à nossa própria vida as preciosas verdades da Palavra de Deus, às quais somos expostos constantemente. Portanto, comece por certificar-se de estar sob pregação e pastoreio fiel. Esses são recursos fundamentais para o seu crescimento.
Além disso, como disse Paulo a Timóteo:
“Exercita-te, pessoalmente, na piedade.” (1Tm 4.7b)
Para crescer como homem piedoso, você precisa estar aos pés de Cristo, ouvindo a Sua voz todos os dias e observando a Sua perfeita masculinidade. Portanto, aprenda como estudar as Escrituras e estude-as diariamente.
Não faça isso apenas para encher a sua mente com informações; aplique-as à sua vida e à vida de sua família. É nisso que temos errado.
É como termos uma mesa farta, cheia de comidas deliciosas e nutritivas, e apenas as colocarmos na boca para sentir o gosto, mas sem mastigar ou digerir. Apenas as provamos e cuspimos. Nós nos enchemos de leituras, pregações, palestras, uma quantidade enorme de informações, mas o que temos feito com tudo isso?
Assim sendo, a nossa reação envolve o autoexame. Como homem salvo por Cristo, eu devo me perguntar: estou crescendo em Cristo? Estou cada dia mais me parecendo com Ele? Estou cumprindo o papel que Deus me designou como homem? Estou protegendo e cultivando a verdadeira vida no jardim familiar? Estou servindo no corpo de Cristo?
Nenhum homem, por si mesmo, por sua própria força, pode cumprir a sua vocação como homem, marido, pai e membro da igreja. Portanto, eu encerro, encorajando-o não só a estudar as Escrituras e a examinar-se constantemente, mas a meditar e orar, buscando em Cristo a graça de que você precisa.
A boa notícia é que o Senhor Jesus Cristo não é apenas o Homem a quem devemos imitar, mas é o Filho de Deus, o Todo-poderoso, capaz de socorrer e ajudar todos os que nEle se refugiam. Ele é capaz de ajudar homens fracos como nós a nos tornarmos homens fortes nEle.
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