Hoje veremos o famoso texto onde Jesus cura um paralítico no Evangelho de Marcos, capítulo 2.
Uma das coisas que eu acho mais fantásticas nas Escrituras é que o texto nunca é apenas informativo. Sempre há a intenção do autor em comunicar um ensino, um valor, um conceito que é profundo e nem sempre simples de ser compreendido. A comunicação é feita de maneira bela, como uma poesia. A pérola da mensagem não está na primeira camada do texto. É necessário ir um pouco mais fundo.
Marcos 2.1-12 é bastante conhecido, mas se você estiver atento somente à história, você perderá aquilo que é mais precioso. Marcos quer comunicar outra coisa, não apenas o milagre, que é só um detalhe. Existe ali uma luta: o embate entre Jesus e o julgamento no coração dos escribas que ali se encontravam.
O que Marcos quer nos mostrar, o que era de fundamental importância para os primeiros leitores, é o fato de que Jesus é Deus. Jesus não era um profeta, um simples homem que fez o bem, um líder que veio confrontar o império romano. Não, Jesus é Deus e veio estabelecer Seu Reino acima de todo reino. Para aqueles que entendem isso, Seu Reino é mais do que evidente. Ele é quem governa tudo nos céus, na terra e debaixo da terra.
Vamos ao texto.
A casa estava lotada. Os amigos do paralítico não tiveram escolha, a não ser levar o pobre homem pelo telhado. No entanto, eles insistiram em levá-lo a todo custo, pois criam de maneira forte que o nosso Senhor poderia fazer algo por ele.
Então, Marcos nos apresenta Jesus como Aquele que consegue discernir a fé dos homens.
“Vendo-lhes a fé, Jesus disse ao paralítico: Filho, os teus pecados estão perdoados.” (Marcos 2.5)
Quem pode sondar o invisível? Quem pode medir, por assim dizer, a fé? Homem algum tem esse poder; somente Deus pode avaliar a fé de alguém. O que é comunicado é que Jesus é Deus, por Ele poder ver a fé que nasce no coração dos homens.
“Filho, os teus pecados estão perdoados.” (Marcos 2.5)
Não bastou ver a fé do coração; Jesus ainda disse que os pecados dele estavam perdoados.
Consegue imaginar um religioso de longa data, acostumado com os ritos, acostumado a lidar com o sagrado, conhecedor da história do povo hebreu e dos livramentos do Senhor na história, ouvindo uma afirmação dessas?
Certamente era um grande desafio para muitos ouvintes ali, mas não para o paralítico ou seus amigos. Lembre-se de que eles estavam ali com fé, eles buscaram o nosso Senhor como Deus.
Jesus, em Sua autoridade de Rei, de poderoso sobre a vida e a morte, livra aquele homem do maior mal que o afligia – seu pecado. Jesus disse isso porque viu nele a fé! Por isso disse que os seus pecados estavam perdoados.
Acho que o homem não deve ter ficado frustrado com isso. Ele queria ver a Cristo, ainda que esperando ser curado. É um motivo muito justo, não é mesmo? Estando diante de Deus, por que você teria uma expectativa pequena? Eu diria a Cristo: “Senhor, me salve, me cure, me liberte, resolva minha vida de uma vez por todas”.
“Mas alguns dos escribas estavam assentados ali e arrazoavam em seu coração:
Por que fala ele deste modo? Isto é blasfêmia! Quem pode perdoar pecados, senão um, que é Deus?
E Jesus, percebendo logo por seu espírito que eles assim arrazoavam, disse-lhes: Por que arrazoais sobre estas coisas em vosso coração?
Qual é mais fácil? Dizer ao paralítico: Estão perdoados os teus pecados, ou dizer: Levanta-te, toma o teu leito e anda?” (Marcos 2.6-9)
Que susto, hein?
Você consegue imaginar alguém lendo a sua mente e logo depois lançando em público aquilo que você estava pensando? Pois foi isso que aconteceu!
Jesus é Deus porque lê o coração. O Salmo 139 já nos ensina essa verdade.
“SENHOR, tu me sondas e me conheces.
Sabes quando me assento e quando me levanto; de longe penetras os meus pensamentos.
Esquadrinhas o meu andar e o meu deitar e conheces todos os meus caminhos.
Ainda a palavra me não chegou à língua, e tu, SENHOR, já a conheces toda.” (Salmo 139.1-4)
Jesus é Iavé. Ele é Deus, Ele pode esquadrinhar os nossos pensamentos.
“Qual é mais fácil? Dizer ao paralítico: Estão perdoados os teus pecados, ou dizer: Levanta-te, toma o teu leito e anda?” (Marcos 6.9)
Coloque-se no lugar do escriba. Qual é a resposta correta a essa pergunta? Se disser que é mais fácil perdoar os pecados, estará reconhecendo a deidade de Cristo. Se disser que é curar o homem, estará legitimando publicamente os Seus poderes, o Seu ministério.
Não existe saída fácil. Contudo, a verdade é que sendo Jesus Deus de verdadeiro Deus, Ele possui poder ilimitado para perdoar os pecados, que é o poder exclusivo de Deus, e para fazer o paralítico andar. Jesus é Deus Criador dos céus e da terra. Ele criou o homem e conhece sua substância desde quando ainda era informe (Salmo 139.16).
Para não restar dúvida sobre o Seu poder, a Sua divindade e a Sua sabedoria, Jesus Cristo curou o paralítico. Jesus poderia ter curado o homem tão logo o visse. Todavia, em Sua sabedoria, Jesus sabia que teria algo a ensinar aos escribas ali presentes e que mostraria Sua autoridade e força àqueles que observavam tudo isso.
“Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados — disse ao paralítico:
Eu te mando: Levanta-te, toma o teu leito e vai para tua casa.
Então, ele se levantou e, no mesmo instante, tomando o leito, retirou-se à vista de todos, a ponto de se admirarem todos e darem glória a Deus, dizendo: Jamais vimos coisa assim!” (Marcos 2.10-12)
Esse embate trouxe mais glória a Cristo. Todos os que estavam ali ficaram admirados e deram glória a Deus. Para Deus, não há dificuldade alguma em curar alguém ou perdoar pecados.
Só Deus pode fazer essas coisas. Portanto, todo o texto quer nos ensinar uma coisa: Jesus é Deus de Deus, luz de luz, verdadeiro Deus e não um mero homem.
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