Falar em princípios para brasileiros é uma loucura.

O brasileiro e suas conveniências

Esta é a terra do ditado: “Farinha pouca, meu pirão primeiro”. É a terra onde impera a “Lei de Gérson”. É aquela lei que fala sobre levar vantagem sobre tudo indiscriminadamente. (Caso não saiba sobre o que estou falando, faça uma pesquisa rápida na internet.)

Temos um novo ano iniciando e quero muito deixar este apelo: abandone esse sistema. Comece a agir conforme princípios, não conforme a conveniência.

Temos outro ditado bem famoso: “A ocasião faz o ladrão”. Agir conforme a conveniência pode fazer de você um ladrão. O que o impediria de agir como um ladrão? Se você agir como um ladrão, será que você não será mesmo um ladrão?

Agindo por princípios, mesmo com prejuízo

Quero contar um historinha rápida.

Um conhecido meu estava passando por dificuldades financeiras que o obrigaram a vender seu carro para saldar algumas dívidas. Fez isso e conseguiu diminuir seus débitos, mas ainda estava lutando com sacrifícios para equilibrar as contas.

Meses depois de vender o carro, o novo dono do carro o procurou repentinamente. Ao renovar a documentação, disse o novo dono, surgiu uma multa cara e antiga que pertencia ao meu conhecido.

Contando essa história, ele me disse que pensou seriamente em bloquear o celular e deixar o novo dono pagar a multa. Sendo cristão, porém, jamais conseguiria fazer uma coisa dessas com a consciência tranquila. Ele sabia o que era certo. Decidiu pagar a multa, mesmo tendo que deixar de pagar contas importantes do seu próprio orçamento.

Para quem já estava em dificuldades, pagar aquela multa de valor alto impactaria fortemente seu orçamento, mas não havia escolha. Seus princípios não o deixaram agir de forma injusta.

Mesmo tendo pensado em fazer algo desonesto, seus princípios o seguraram e até o protegeram de agir por conveniência.

A falta de firmeza leva ao desastre moral

Estamos vivendo num país onde a corrupção é tão desenfreada porque a sua população é corrupta. As decisões de boa parte da população não buscam a correção. Buscam cumprir seus princípios e valores, mas levando vantagem sobre os outros de alguma forma.

Esta semana, assistindo a uma aula de filosofia, a professora comentou algo que me chamou muito a atenção.

Ela afirmou que não vemos as coisas como elas realmente são ou com a profundidade que elas têm. Vemos uma projeção daquilo que nos interessa nessas coisas.

Por exemplo, se uma pessoa não está vestida como gostamos, não tem a aparência que julgamos adequada, não tem algum atributo do qual necessitamos, nós simplesmente ignoramos a sua existência.

Ela disse que funciona mais ou menos assim com todas as coisas e citou uma frase de Leon Tolstói: “Há quem passe pelo bosque e só veja lenha para fogueira”.

Quem age por conveniência só usa coisas e pessoas

Agir por conveniência é ser um grande utilitarista das coisas e pessoas. Não é assim com os princípios. Os princípios vão nos dar um valor elevado sobre tudo.

A teologia é uma forma de nos alicerçar com princípios corretos pautados nas Escrituras, sobre a Palavra de Deus, dando-nos um olhar correto sobre todas as coisas.

Por exemplo, um cristão que age pelos princípios das Escrituras olhará uma pessoa como imagem de Deus, não importando como ela irá servi-lo.

Um cristão age com os princípios de Cristo

Ao agir pelos princípios cristãos, estamos sendo luz. Estamos pregando ao mundo que não agimos de maneira narcisista, mas de maneira altruísta, mostrando o que é melhor a todos sem levar em conta somente os interesses próprios.

Qual é o princípio de Cristo? É aquele que Paulo nos ensina magistralmente.

“Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo.

Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros.” (Filipenses 2.3-4)

Com que base Paulo nos diz para sermos humildes, não olhando somente para aquilo que nos diz respeito? Ora, ele se pauta na obra de Cristo, a qual ele apresenta nos versículos seguintes.

“Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus,

pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus;

antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana,

a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz.” (Filipenses 2.5-8)

Jesus Cristo, Deus de Deus, Luz de Luz, da mesma substância do Pai, não desejou ser igual ao Pai. Não levou em conta Sua alta posição e Se esvaziou, assumindo a forma humilhante de um servo.

Então, Cristo agiu para o bem de outros, pecadores. Por conta de um propósito, por conta dos Seus princípios, Ele Se humilhou. Digo mais: Ele morreu pelos Seus princípios, pelo plano que Ele mesmo estabeleceu.

Tudo muda quando agimos por princípios

Os princípios não são negociáveis. O tempo passa, as pessoas mudam, mas os princípios permanecem, intactos e inegociáveis.

Nós transformaremos o Brasil e o mundo se elevarmos a moralidade, a honestidade, a humildade aos padrões de Cristo.

Um ímpio até poderá agir com essa moral elevada, pela graça de Deus, mas não devemos esperar isso de ímpios. Por outro lado, esperamos que os cristãos não fujam da sua responsabilidade de fazerem o que deve ser feito. Devem levar o dano se for necessário. Precisam pensar no próximo e no bem de todos, mesmo que isso lhes traga algum prejuízo direto.

Isso é elevado. Isso é agir como Cristo.

Portanto, aja pelos princípios de Cristo e seja a luz neste mundo tenebroso.

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