Creio que todos desejam paz. Discursos e mais discursos, com lindas frases, são feitos, o tempo todo, em nome de uma paz.
Existe uma paz inabalável? Se existe, é possível consegui-la? A paz nos parece tão frágil atualmente. Podemos, num único dia, passar por tantos estados de espírito, tantas emoções que nos roubam o sossego. Será que a paz é aquele estado de bem-estar quando as coisas ao redor vão bem, os filhos estão saudáveis e estamos com dinheiro na conta? Essa é a paz verdadeira?
Hoje, no Brasil, estamos tensos com os roubos da nossa política. Vemos rupturas institucionais por pessoas buscando equidade, transparência. Há pessoas protestando nas ruas. A ansiedade pode surgir para nos roubar a tranquilidade diante de desmandos políticos. Temos o exemplo recente do Afeganistão de como decisões político-religiosas podem mudar a vida da noite para o dia.
Ainda temos, não sabemos por quanto tempo, alguma liberdade de dizer o que cremos e pensamos. Entretanto, os inquéritos de fake news vêm como polícia para vigiar o que dizemos sobre certas instituições do país.
A paz é um estado de espírito, uma condição interna de se sentir bem com a vida, com o próximo, com a natureza, mas sobretudo uma boa sensação para com o Criador. A paz nos faz mais esperançosos, otimistas, animados.
Paz não é sinal de inércia ou alienação. Frequentemente ouço pessoas dizerem que evitarão isso ou aquilo porque preferem ter paz. Está na moda dizer: “Prefiro ter paz do que ter razão”. Dependendo do contexto, isso até pode ter algum sentido, mas não no sentido pleno. Paz não é fugir de responsabilidades e desconectar-se do mundo real.
Contudo, podemos notar que aquilo que chamamos de paz às vezes é frágil. Qualquer coisa externa pode afastá-la de nós. Penso, porém, que a paz proposta pelas Escrituras é um estado mais perene, uma condição que não se muda facilmente, apesar do nosso contexto adverso.
No livro de Romanos, lemos:
“Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo.” (Romanos 5.1)
Esse texto nos mostra a paz que têm aqueles que foram comprados por Jesus. Aqueles que estão longe de Deus não podem viver com essa paz, que é existencial. Ela excede o tempo, excede os eventos cotidianos, está acima daquilo que fazemos ou conquistamos.
Não é possível ter uma paz perene se não sabemos de onde viemos e para onde vamos e por que estamos aqui.
Sabemos que estamos aqui temporariamente. A Palavra de Deus nos diz que pecamos contra Deus e após a desobediência de Adão nossa herança é a morte. Acabou!
Todos os homens estão debaixo da ira de Deus, pois a humanidade é rebelde para com o seu Criador.
Na eternidade, contudo, Deus já havia elaborado o plano no qual Seu Filho Se entregaria pelos pecados do Seu povo, o povo que Deus criou e escolheu para ser dEle. Jesus, no devido tempo, Se encarnou, viveu uma vida de obediência, em completa perfeição e entregou-Se à morte na cruz. Essa morte é a punição pelo pecado, o pecado que condenou o homem.
O sangue de Jesus Cristo, Sua vida de obediência, Sua morte e Sua ressurreição no terceiro dia dão ao homem a plena redenção. De uma vida inútil, de morte, Jesus Cristo dá nova vida, liberdade, com a promessa de que um dia teremos o encerramento dessa história aqui, iniciando uma nova história na eternidade, sem a mínima possibilidade de pecar. Seremos perfeitos, assim como Jesus Cristo é perfeito.
Essa é a base da paz descrita no versículo acima de Romanos.
A paz com Deus é a reconciliação do homem com Deus. A reconciliação do homem com Deus une o homem com si mesmo e com o seu próximo. É por isso que o único que tem legitimidade para falar aos quatro ventos sobre paz na terra é o cristão.
De acordo com a visão bíblica do mundo, somente um cristão entende o cerne do que se chama paz.
Jesus diz que a natureza da Sua paz, o entendimento dela, é completamente diferente daquilo que o mundo entende por paz.
A paz não está conectada somente às coisas deste mundo material. Para ser perene, ela precisa ser transcendente. É isso que Jesus nos dá. Ela atravessa o tempo e a matéria, pois Ele é Deus e somente Deus pode dar essa paz.
“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.” (João 14.27)
O contexto desse discurso de Jesus foi o início de Sua despedida dos Seus discípulos. Jesus iria embora, prometendo que no tempo oportuno Ele voltaria. O Consolador, porém, estaria com eles. Além disso, Jesus lhes deixaria a Sua paz.
Jesus ressaltou: “Não vo-la dou como a dá o mundo”. Não é mera sensação furtiva durante o dia. A paz de Cristo é sólida e pesada como uma rocha.
Sim, é uma bênção ter dinheiro na conta, carros e casas, filhos saudáveis e tudo andando bem. Entretanto, a verdadeira paz não é suscetível a momentos e situações. A paz de Cristo, diz a Bíblia, excede todo o entendimento.
“Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças.
E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus.” (Filipenses 4.6-7)
Essa obra é promessa do nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, é impossível que falhe. Às vezes nos sentimos desanimados com as notícias ao nosso redor. Ficamos desanimados com o nosso pecado, por nos sentirmos impotentes. Contudo, deve nos animar saber que nada abalará a paz que Jesus colocou em nosso ser. Está arraigada nas mais profundas entranhas do nosso ser, pois é uma paz existencial. Está amarrada ao plano maravilhoso que Deus preparou para nós aqui na terra.
Mantenha a fé quando a perseguição chegar. Mantenha a esperança quando o país deixar de ser livre. Mantenha a paz quando os tribunais o mandarem à prisão. A paz de Cristo guardará o seu coração e a sua mente.
Que tudo de nós seja tirado, menos a esperança, fé e paz que temos no nosso Salvador Jesus Cristo.
“Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação,
não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas.” (2Coríntios 4.17-18)
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