Todos nós precisamos ter esperança para viver!
Você, certamente, pensa que é diferente de todos os outros. Também deve achar que o seu problema é único. Aliás, todo mundo pensa isso. Mas, certamente, você se encaixa em algum dos cenários que vou abordar.
As pessoas com problemas que vêm de longa data, são muitas.
Em João 9, encontramos o caso do cego de nascença à beira do tanque de Siloé. O desejo desse cego era de que, algum dia, o seu problema seria solucionado. O pastor Jay Adams sugere que, ao cuspir no chão e enquanto Jesus passava o barro nos olhos do cego, as esperanças dele aumentavam. Ao secar o barro, a sua visão lhe foi dada. Deus usa de misericórdia para com aqueles que possuem problemas de longa data.
Outros têm problemas, aparentemente, muito complexos. Talvez você se encaixe nesse cenário. Você julga que seus problemas são tão difíceis que ninguém pode resolver. Eu lhe pergunto: o que houve? Traição? Ou talvez seja inveja, roubo, mentira, engano, brigas sem fim? Houve filhos fora do casamento? Você não consegue lidar com a pornografia? Qual é a complexidade desse seu problema que o deixa sem esperança?
Em Lucas 8.43 encontramos um caso semelhante ao seu. Lucas, o médico amado, relata que…
“E estava ali certa mulher que havia doze anos vinha sofrendo de uma hemorragia.
Ela padecera muito sob o cuidado de vários médicos e gastara tudo o que tinha, mas, em vez de melhorar, piorava.” (Marcos 5.25,26)
Você notou a complexidade do problema dela? O seu problema não era, apenas, algo duradouro, mas, também, de algo tão complexo que nenhum médico conseguiu solucionar. Isso fez com que a pobre mulher gastasse todo o seu dinheiro para, no fim, ficar desesperançada.
Outras pessoas se sentem sem esperança, pois assumiram um rótulo que lhes foi dado. Afinal de contas, por que tentar mudar algo, se já até me acostumei o problema? Todos desistiram de mim, você diz. Ou, ainda: “eu não tenho jeito mesmo, essa é a minha realidade; é melhor eu assumir o rótulo que me deram.”
Outras pessoas tornaram-se desesperançadas por conta das inúmeras vezes em que tiveram suas esperanças frustradas. Nesse ponto, temo que tenha que concordar, pois as esperanças podem falhar. Mas, apenas quando as colocamos no lugar errado. Se a suas esperanças estão colocadas na sua recuperação financeira ou na cura de alguém, talvez você seja frustrado.
Muitas pessoas se veem sem desesperançadas, pois falharam, seja na área que for. Mas, quem nunca falhou? Porém, você olha ao redor e vê que é o único, no seu círculo de amizades, que está desempregado. Você olha para seus amigos e só enxerga felicidade. Porém, quando olha para os seus queridos, o que vê é a sua falha como filho, a sua falha como pai, ou a sua falha como irmão.
O que falar das pessoas mais velhas? Certamente essas precisam de algo que as anime para viver. Afinal, o que alguém com mais de 75 anos pode esperar da vida? Qual a perspectiva daquele que não enxerga um propósito para o dia seguinte? “Comamos e bebamos porque logo morreremos”; não é assim que o ditado diz? Dá para ensinar truques novos para um cachorro velho?
Mas, não se esqueça dos mais novos. Eles, também, precisam de esperanças. Ainda mais quando as suas esperanças para prosseguir tem como exemplo essas pessoas mais velhas descritas acima. Talvez, seja por isso, que os níveis de suicídio não param de crescer, tanto no Brasil como no resto do mundo.
Isso nos leva a mais esse grupo específico de pessoas: o daquelas que estão considerando tirar a própria vida. Se você é uma delas, não faça isso, há esperança!
Felizmente, muitos nunca consideraram a possibilidade do suicídio. Mas muitos passaram por algo que pode resultar nisso: a depressão.
Não podemos nos esquecer que a depressão é real. Ela pode ocorrer tanto para cristãos como para pagãos, e pode decorrer de um problema físico, ou de um problema espiritual.
Também me recordo das pessoas que passaram por experiências marcantes: divórcio, luto, perda de emprego, de bens, de status ou de posição social.
Talvez você se encaixe nesse último caso e esteja passando por momentos difíceis agora. O que quero enfatizar é que todos nós precisamos de esperança!
Em meio a uma série de comandos, o apóstolo Paulo dá uma ordem, um tanto quanto intrigante.
“Alegrem-se na esperança, sejam pacientes na tribulação, perseverem na oração.” (Romanos 12.12)
O que logo nos leva a questionar: o que é essa esperança da qual tanto precisamos, na qual Paulo nos diz que precisamos nos alegrar? O que ele quer dizer com isso? Como posso me alegrar na esperança?
Muitos têm uma noção errada do significado bíblico de esperança. A esperança, como a encontramos na Bíblia, não é um vago desejo de que algo aconteça, como um pensamento: “espero que não chova amanhã, ou espero conseguir aquela vaga na entrevista amanhã”.
A esperança é uma expectativa segura e confiante na fidelidade e presença futuras de Deus. Ela pode ser descrita como um fundamento total da confiança e expectativa de alguém na bondade e no cuidado providencial de Deus, mesmo diante de problemas. Ou seja, a esperança é mais do que um vago anseio, ou um desejo, de que algo aconteça. Ela é uma expectativa confiante na fidelidade e presença futuras de Deus.
Por isso Paulo diz em Romanos 8:24:
“Ora, esperança que se vê não é esperança; pois o que alguém vê, como o espera?” (Romanos 8:24)
A esperança também é conhecida como uma virtude teológica. Em 1 Coríntios 13.13 encontramos a tríade das virtudes teológicas. Paulo diz:
“Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor”. (1 Coríntios 13.13)
As virtudes teológicas, o amor, a esperança e a fé, se diferem das virtudes cardinais, pois não são alcançadas pelo poder humano, mas pelo poder que vêm de Deus.
São chamadas assim, de virtudes teológicas, porque o objeto delas é Deus. Elas nos ajudam a buscar e encontrar Deus e só as temos como um fruto da graça de Deus. E assim, como qualquer dádiva de Deus, as virtudes teológicas podem ser desenvolvidas através da prática.
Ainda em 1 Coríntios 13.13 notamos que essa tríade se distingue entre si; há diferença entre, fé, esperança e amor.
O amor, a maior delas, é a base, o fundamento, sobre a qual a fé e a esperança são estabelecidos. Note que a base para alegramos na esperança, como vimos em Romanos 12.12, é o amor sem hipocrisia.
“O amor seja não fingido. Aborrecei o mal e apegai-vos ao bem.” (Romanos 12.9)
Esse amor genuíno, que nos é requerido, é fruto da ação do Espírito Santo de Deus em nossas vidas. Não é atoa que ele aparece como o primeiro dos frutos descritos em Gálatas 5.22:
“Mas o fruto do Espírito é: amor… (Gálatas 5.22)
Mas talvez você esteja se perguntando: Qual a diferença entre a fé e a esperança? Não são a mesma coisa? Não.
Em Hebreus 11, a fé é descrita assim:
“Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não veem.” (Hebreus 11.1)
Logo, a fé é uma certeza, uma convicção. A fé envolve consentimento intelectual de um conjunto de fatos e a confiança nesses fatos.
Temos fé em Deus por conta daquilo que Ele já realizou. Se temos fé em Jesus, isso significa que confiamos completamente nele para o nosso destino eterno. Damos consentimento intelectual aos fatos de Sua morte substitutiva e ressurreição corporal, e depois confiamos em Sua morte e ressurreição para nossa salvação.
Logo, a fé tem um caráter passado. Ela é baseada em algo que foi realizado. Já a esperança é diferente. O seu caráter é futuro. A esperança é a plena certeza que aquilo que ainda não aconteceu, que acontecerá. Ela é mais do que um vago anseio, ou desejo, de que algo aconteça. É uma expectativa confiante na fidelidade e presença futura de Deus.
“O conceito de esperança no Novo Testamento tem a ver com absoluta certeza de que as promessas de Deus para o futuro acontecerão. A fé olha para trás, confiando no que Deus fez no passado, mas a fé também olha para a frente e encontra sua âncora para a alma nas futuras promessas de Deus”. (R. C. Sproul)
Logo, esperança é o fundamento da nossa alegria.
Todos precisamos de esperança, pois todos precisamos de Cristo. Cristo é a esperança do cristão.
Sofrer sem Cristo é arriscar-se a ser total e completamente esmagado. Por isso Cristo deve ser a esperança do cristão, e não qualquer outra pessoa ou coisa. E por conta Dele temos força para continuar, para prosseguir, para não nos desesperamos.
Em Romanos 15, Paulo nos encoraja a confiar em Deus, e esperar nEle, pois Ele é a fonte da nossa esperança.
“Que o Deus da esperança os encha de toda alegria e paz, por sua confiança nele, para que vocês transbordem de esperança, pelo poder do Espírito Santo.” (Romanos 15:13)
Quando bebemos da fonte errada corremos o risco de nos contaminar e de logo ficamos doentes. Não desejando isso, Paulo não nos deixa à deriva.
Alguns versículos antes, Paulo já havia declarado como essa esperança é gerada em nosso coração.
“Pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança”. (Romanos 14.4).
O Espírito Santo de Deus usa a Santa Palavra de Deus como seu manual para nos dar esperança! O Espírito Santo nos ilumina a crer nas promessas de Deus e confiar Nele. Assim, não perdemos a esperança!
Sendo Cristo a nossa esperança devemos viver à luz da expectativa da sua volta. Ainda assim, podemos viver de forma abundante, agora. O pastor Jay Adams nos lembra que
“No Evangelho, existe uma dupla esperança: a primeira delas é a esperança do eschaton (dos últimos tempos, do futuro). Esta está ligada à vinda de Cristo, à ressurreição do corpo e ao sermos limpos do pecado, da dor, e das lágrimas. Essa, com a sua esperança máxima, a presença de Cristo, é a grande esperança do cristão”. (Jay Adams)
Por isso, a sua esperança não deve ser colocada em pessoas, coisas ou circunstâncias aqui na terra.
Se a sua esperança descansa sobre a recuperação de alguém e não na vontade de Deus, talvez você seja abalado.
Se a sua esperança descansa sobre a possibilidade de um novo emprego ao invés da confiança de que Deus suprirá todas as suas necessidades, você será abalado.
Se a sua esperança descansa em sua capacidade de compra, você ficará desamparado!
Cristo é a sua esperança!
Você deve correr para Ele para receber consolo em momentos de dor. Você deve correr para Ele como fonte de suprimento, pois jamais abandonará os seus filhos. Você deve correr para Ele como quem corre para o porto seguro e não deve confiar em seus bens!
Por isso Paulo nos encoraja, mais uma vez, agora em dizendo:
“Não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes com respeito aos que dormem, para não vos entristecerdes como os demais, que não têm esperança. (1 Tessalonicenses 4.13)
“Nós, os que confiamos em Cristo, não nos entristecemos como os demais que não tem esperança. Ou seja, não nos entristecemos na desesperança. Mas, na certeza de que estaremos com Ele, podemos nos regozijar na esperança” (Romanos 12.12a)
Além disso, há esperança para uma nova vida abundante, agora. A miséria que advém de viver pecaminosamente pode ser aliviada. Viver pecaminosamente sem esperança, é viver substituindo Cristo por qualquer outra coisa para tentar ter esperança.
O crente pode desfrutar da paz, conforto e segurança da plenitude do Cristo vivo aqui nesta vida. Em tempos de angústia, então, quando o nosso pecado traz miséria à nossa vida, precisamos nos lembrar da esperança do Evangelho.
“Nisso exultais, embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejais contristados por várias provações,
para que, uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo;
a quem, não havendo visto, amais; no qual, não vendo agora, mas crendo, exultais com alegria indizível e cheia de glória,
obtendo o fim da vossa fé: a salvação da vossa alma (1 Pe. 1:6–9).
E diante dessa realidade do evangelho nos lembramos das palavras de conforto de Paulo em Romanos 5:1–5.
“Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo;
por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus.” (Romanos 5:1–2)
Mas Paulo não para aí e acrescenta falando sobre aqueles que tem a plena convicção da salvação em Cristo:
“E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança;
e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança.
Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado.” (Romanos 5:3–5)
Você que foi salvo por Cristo encontra essa paz, “paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” de forma objetiva no aqui e agora. E isso, de forma chocante: gloriando-se nas tribulações. Isso porque sabemos que o resultado final de nos gloriarmos em meio às tribulações será a esperança!
Pois, como Paulo nos ensina, a tribulação produz perseverança, ou seja, a capacidade de permanecer firme em meio aos problemas sem se entregar. E essa perseverança, por sua vez produz experiência.
Agora, note que a palavra experiência, no original, significa caráter. A idéia é de um caráter provado. Por essa razão foi traduzida como experiência.
Então, a perseverança produz caráter. E esse, uma vez provado, produz esperança.
“À medida que os crentes sofrem, eles desenvolvem firmeza; essa qualidade aprofunda seu caráter; e um caráter aprofundado e testado resulta em esperança (isto é, confiança) pela qual Deus agirá por meio das tribulações.
“Se a sua esperança está em algo ou alguém que Aquele que tem poder sobre o sofrimento e, até a morte, você está condenado à decepção final. O sofrimento vai te levar à desesperança. E seja qual for o seu caráter, ele se desintegrará”. (R.C. Sproul)
O versículo 5, que vimos acima, diz: “Ora, a esperança não confunde”, ou como a versão NVI coloca, “E a esperança não nos decepciona”.
Decepcionar significa “ficar envergonhado por causa do desapontamento” de promessas não cumpridas. A razão de não sermos desapontados é, justamente, o amor de Deus para conosco porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado. E com o Seu Espírito Santo, conseguimos esperar e descansar Nele.
Assim, esta bela virtude do cristão é uma expectativa confiante na fidelidade e presença futuras de Deus. Ou seja, a firme certeza que temos de que as promessas de Deus serão cumpridas e que Ele continuará sendo Deus, mesmo quando as coisas não caminham conforme a nossa vontade.
É só Deus que pode dar o conforto que muitas vezes você deseja encontrar na solução dos seu problemas. É descansar em Cristo, que trará conforto à sua alma. Cristo é aquele que ajuda você a carregar o seu fardo.
“O que é difícil de suportar sem Cristo se torna muito mais suportável com Cristo. O que é um fardo pesado para carregar sozinho se torna um fardo muito mais leve para carregar com a ajuda Dele.” (R.C. Sproul)
Se o seu descanso ainda não está em Cristo, hoje é o dia da salvação!
Arrependa-se dos seus pecados e clame a Deus por essa virtude que só Ele pode dar! Cristo é a resposta para os seus problemas atuais! Agarre-se a Cristo, e à Ele somente, pois Ele é a esperança final do cristão verdadeiro.
E nunca se esqueça que o nosso problema nunca é solucionado por recebermos aquilo que desejamos, mas ao recebermos aquilo que precisamos.
O cristão verdadeiro é aquele que se alegra em Cristo, mesmo em meio às dificuldades da vida. Ele sabe que aquilo que o espera é muito maior do que qualquer coisa que possa acontecer e que o Santo Espírito de Deus nos consola em todos os momentos.
Portanto, alegre-se na esperança! Alegre-se em Cristo!
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