Para quem gosta da série de animações Toy Story como eu, sempre temos uma chance de extrair alguns ensinos desta saga. No quarto desenho, a lição principal é a de doar-se para o próximo.
Woody e os seus amigos estão agora numa nova aventura.
O filme inicia com um grande salvamento. O Woody está tentando salvar o carrinho de controle remoto chamado R.C., que está sendo levado pela correnteza durante uma chuva muito intensa. Fiel aos seus amigos e acostumado a se doar, o Woody não mede esforços para mantê-los juntos mais uma vez.
Essa, porém, é só uma breve introdução para o que há de vir. Até aqui, o Woody está empenhado em se doar aos amigos. Faz de tudo para que todos permaneçam juntos. A notícia triste, entretanto, vem logo em seguida. Betty, a moça do abajur da Molly, está sendo doada, pois já perdeu a sua função, tendo em vista que a sua criança cresceu. Existe um clima diferenciado entre o Woody e a Betty, que é apresentado desde o primeiro desenho da saga. Ele tenta inutilmente manter a Betty, mas a vida é assim – causa separações dolorosas.
Onze anos mais tarde, os brinquedos, que agora pertencem a Bonnie, estão ali aguardando mais um dia de brincadeira. O Woody é deixado de lado. Seu espírito aventureiro, sua vontade de lutar por algo está sendo desafiado. Ele só é mais um brinquedo. Perdeu a sua liderança, perdeu o seu protagonismo.
Agora a Bonnie vai para a escola pela primeira vez. Contra a vontade dos outros brinquedos, o Woody se enfia na mochila da Bonnie e vai com ela ao primeiro dia de aula no intuito de confortá-la nessa fase difícil.
Durante a aula, o Woody percebe a dificuldade da Bonnie e ele vai até o lixo para pegar alguns materiais para que a Bonnie desenvolva uma arte. Muito criativa, a Bonnie faz um garfo com pernas, braços, olhos e boca. Para a surpresa de todos, essa garfo ganha vida.
Aquele marasmo que o Woody sentia vai para o espaço. Agora ele se torna babá do Garfinho, que a todo instante deseja se jogar numa lata de lixo.
A família decide viajar e o Garfinho segue firme, tentando se jogar no lixo. Dentro do trailer, o Woody está exausto, mas de repente o Garfinho se joga pela janela. Isso força o fiel Woody a se jogar também, para resgatá-lo, já que ele é muito importante naquele momento de fragilidade da Bonnie.
Ao resgatar o Garfinho, o Woody consegue convencê-lo de que ele é importante e que a Bonnie se sente segura com ele. Nessa hora, o Garfinho para de querer se jogar nas latas de lixo.
No caminho de volta, o Woody passa por uma loja de penhores chamada “Segunda Chance”. Algo chama a sua atenção: é o abajur da Betty, a quem ele não via há 11 anos. No afã de encontrá-la, o Woody e o Garfinho entram na loja. Entretanto, não contam com um encontro que acaba por escravizar o Garfinho.
Gabby Gabby é uma boneca dos anos 50 que está na loja há tempos. Seu sonho é ser adotada por uma menina chamada Harmony e ela se prepara todos os dias para esse encontro. No entanto, sua caixa de voz está estragada. O Woody é um boneco mais ou menos do mesmo período que a Gabby Gabby. Logo, ela se interessa pela caixa de voz do Woody, que está em perfeito funcionamento, costurada dentro dele.
Com isso, ela tenta prendê-los na loja, aproveitando o seu interesse pelo paradeiro da Betty. O Woody percebe a armadilha e na tentativa de fuga acaba sendo agarrado pela Harmony. Ela o leva para fora da loja, onde o Woody empreende uma fuga num parquinho. Tragicamente, porém, o Garfinho fica para trás, em poder da Gabby Gabby.
Como o Woody é fiel, acostumado a se doar pelos amigos, não pensa em deixar o Garfinho para trás. Assim, ele começa a elaborar um plano para o resgate.
Ainda no parquinho, tentando uma fuga, uma menina pega o Woody e inesperadamente o traz consigo à Betty. O encontro acontece com os dois nas mãos da mesma criança.
Ao sair dali, eles fogem ao melhor estilo Indiana Jones e conseguem conversar e trocar olhares suspeitos.
É bem verdade que a Betty se apresenta como uma mulher vivida, experimentada, com um ar feminista, adorando viver sem regras. Todavia, com o desenrolar da história, a necessidade de ter alguém vai ficando mais evidente.
A Betty, que já esteve na loja de penhores, ajuda o Woody a voltar para lá. Tudo isso se dá no meio de grande aventura e confusão.
Eles fazem tudo para libertar o Garfinho sem que a Gabby Gabby veja, mas é impossível, pois ela sabe que o Woody não deixaria um brinquedo importante para trás.
O Woody está tão obstinado no resgate que acaba por colocar todos os envolvidos em terrível perigo. Chega a viver um conflito sério, quase perdendo o apoio daqueles que estavam com ele.
A Gabby Gabby, que até então é uma personagem má, mostra-se sensível, uma boneca que não teve a oportunidade de ser amada por uma criança. Esse lado dela toca o coração do Woody. Ele doa a sua caixa de voz para que a Gabby Gabby tenha a chance de ser amada por uma criança.
Enquanto ainda estão dentro da loja, surge a oportunidade de um encontro com a Harmony, a criança desejada da Gabby Gabby. Todos ficam na expectativa desse encontro, mas todos testemunham uma grande frustração. A Harmony, a despeito da nova caixa de voz, a despeito de toda a preparação da Gabby Gabby por anos, menospreza a boneca, que cai em total tristeza e desesperança.
Mais uma vez, o Woody age, tentando motivá-la. Ele diz que a criança dele, a Bonnie, ficará com ela. Com dificuldade a Gabby Gabby cede e decide ir com o Woody e os outros brinquedos.
Na correria e no meio de muita confusão, os brinquedos retornam ao parque de diversões onde está o trailer da Bonnie. Nesse momento, a Gabby Gabby encontra uma criança perdida no meio do parque de diversões. Ela serve de conforto para aquela criança, que a adota como seu brinquedo.
Ao se despedir da Betty, surge aquele olhar, como quem diz: “Vamos nos separar para sempre”. Nesse momento, uma fala do Buzz se torna essencial. Ele percebe o clima e diz: “Ela ficará bem!” A princípio, o Woody pensa que o Buzz está falando da Betty, mas o Buzz acrescenta: “A Bonnie ficará bem”.
Essa fala é a libertação do Woody. Assim, ele se despede de maneira emocionada dos amigos e parte para uma vida ao lado da Betty, que demonstra seu ar de satisfação.
Ao final do filme, o Buzz diz a sua famosa frase: “Ao infinito…”, e Woody completa: “…e além!” A ideia é que talvez se encontrem somente em outra vida.
O Woody é um exemplo de fidelidade, expert em se doar para os outros. Ele vive a se doar pelo Andy, pelos amigos, resgatando todos do perigo e não deixando nenhum para trás, pela Bonnie e, depois de uma vida de doação, ele resolve se doar para uma mulher, o seu amor.
Na minha leitura do filme, o enfoque principal é a doação. O que o filme ensina, a meu ver, é que a vida só tem sentido se você se doar para os outros, amar os outros, desejar ter outras pessoas ao seu redor e fazer de tudo para que elas vivam bem. Se todos fossem como o Woody, todos estaríamos bem e seguros, cuidando uns dos outros.
É claro que nós cristãos sabemos que o nosso bem estar é relativo, dependendo somente do nosso Deus Criador em todas as coisas. Digo relativo porque podemos estar em meio à aflição e mesmo assim estar bem. Entretanto, somos impelidos a amar a Deus sobre todas as coisas e a amar o próximo como a nós mesmos. Precisamos nos doar. Esse é um chamado, como igreja de Cristo, a amar nosso irmão, aquele que está mais próximo de nós, buscando seu bem estar e desejando sinceramente o seu bem.
O Woody nos mostra que amar é se doar. O nosso Senhor Jesus Cristo prova isso a nós quando decide vir Se humilhar, mesmo sendo Deus. Tudo isso é para a nossa salvação.
Isso é o amor; isso é o cristianismo.
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