Vamos iniciar com o foco em Jesus, que foi quem nos ensinou a sermos misericordiosos, sendo, Ele próprio, misericordioso. A sua fama, ainda no início do seu ministério, já tinha se espalhado por toda a Síria.
“Assim, sua fama espalhou-se por toda a Síria; e trouxeram-lhe todos os que sofriam de várias doenças e tormentos, os endemoninhados, os que tinham ataques, e os paralíticos; e ele os curou.
E grandes multidões o seguiam, procedentes da Galileia, de Decápolis, de Jerusalém, da Judeia e do outro lado do Jordão.” (Mt. 4.24-25)
Jesus havia percorrido por toda Galiléia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do Reino e curando todas as doenças e enfermidades entre o povo. Por isso, as multidões procedentes da Galiléia, de Decápolis, Jerusalém, da Judeia e do outro lado do Jordão o seguiam.
O que acontece, em seguida, é curioso. Jesus vê a multidão e decide dar atenção, prioritariamente, aos seus discípulos.
“Quando viu as multidões, Jesus subiu ao monte; havendo se sentado, seus discípulos se aproximaram, e ele começou a ensinar-lhes…” (Mateus 5.1-2)
Jesus não está atendendo as multidões. Ele sobe ao monte para ensinar os seus discípulos a viverem segundo os padrões de Deus e a não se entregarem às suas próprias concupiscências.
Os discípulos de Jesus são pessoas que precisam ouvir a voz do mestre. É por essa razão que os discípulos desejam ouvi-lo.
Em Mateus 5.7 os discípulos ouvem do próprio Jesus o ensino sobre os bem-aventurados serem os misericordiosos.
“Bem-aventurado os misericordiosos, pois alcançarão misericórdia.” (Mateus 5.7)
Jesus não pede a seus discípulos para serem algo que Deus não é. Deus é misericordioso e os seus discípulos deveriam, também, ser.
Preste atenção nos textos bíblicos a seguir sobre Deus ser misericordioso; não é uma lista exaustiva e creio que nos ajudarão a enxergar o que precisamos, neste momento:
“Tendo o Senhor passado diante de Moisés, proclamou: Senhor, Senhor, Deus misericordioso e compassivo, tardio em irar-se e cheio de bondade e de fidelidade…” (Êxodo 34.6)
“Mas tu, Senhor, és um Deus compassivo e benigno, paciente e grande em misericórdia e verdade.” (Salmos 86.15)
“A bondade do Senhor é a razão de não sermos consumidos, as suas misericórdias não têm fim; renovam-se a cada manhã. Grande é a tua fidelidade.” (Lamentações 3.22-23)
“Mas Deus que é rico em misericórdia, pelo imenso amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossos pecados, deu-nos vida juntamente com Cristo (pela graça sois salvos)…” (Efésios 2.4-5)
“Sede misericordiosos, como vosso Pai é misericordioso.” (Lucas 6.36)
O próprio Deus é misericordioso. É por essa razão que felizes são aqueles que tratam os outros com misericórdia. Cristãos genuínos não se calam perante a dor e a desgraça alheia. Cada um de nós precisa aprender a ser mais misericordioso.
Os discípulos de Jesus deveriam ser misericordiosos porque foram levados, pelo poder do Espírito Santo, a enxergar a sua própria miséria. Quem que, em Mateus 5.3, consegue perceber que é pobre de Espírito, foi alvo da misericórdia de Deus. Sendo assim, espera-se que ele seja misericordioso com os outros.
Por ter sido alvo da misericórdia de Deus, os cristãos são chamados a serem misericordiosos. Isso porque, como cristãos, continuamos recebendo a misericórdia de Deus e experimentaremos dessa mesma misericórdia quando Cristo voltar. Com Ele vamos morar para sempre na nova terra e novos céus. Isso é maravilhoso!
No passado fomos alvos da misericórdia de Deus quando Cristo nos tirou das trevas para a luz.
Hoje, continuamos recebendo a mesma misericórdia pois o Senhor nos guarda e nos sustenta.
Futuramente, seremos alvos da mesma misericórdia, ao desfrutarmos da vida eterna junto ao Senhor.
É importante destacar, aqui, que nossa misericórdia não é o fundamento motivador da misericórdia de Deus. Ele não é misericordioso porque nós somos misericordiosos. Nós somos misericordiosos porque Deus o é.
Apesar de terem sido alvos da misericórdia de Deus, os discípulos não seriam misericordiosos para com os outros, facilmente. Sabemos, muito bem, que ser misericordioso para com os outros, muitas vezes é um ato desafiador. Exige que nos desgastemos em favor dos outros abrindo mão de agirmos com a nossa justiça própria.
A minha oração é que Deus nos ajude a sermos mais misericordiosos uns para com os outros. Procure alguém na sua comunidade para que você possa servir em amor, ajudando nos momentos difíceis. Seja misericordioso. Com certeza, existem pessoas carentes à nossa volta que precisam da nossa ajuda.
Ser misericordioso deve nos motivar a pregar o Evangelho aos necessitados. Muitas vezes, as pessoas sofrem e precisam de ajuda no dia a dia. Porém, nenhuma pessoa é capaz de perceber, por si mesmo, que é pobre de espírito e que precisa do Evangelho. Também não é o nosso papel convencer as pessoas da verdade do Evangelho. Só Deus pode fazer isso. Mas devemos pregar. O Evangelho, por si só, tem poder para fazer isso.
Veja o que Lutero disse a respeito:
“Entanto eu dormia ou bebia a cerveja de Wittenberg junto com meus amigos Philipe e Amsdorf, a Palavra enfraquecia o papado de forma tão graciosa que nenhum príncipe ou imperador conseguiu infligir-lhes tantas derrotas. Eu nada fiz: a Palavra fez tudo.” (Martinho Lutero, LW 51.77)
Que Deus nos ajude a sermos mais misericordiosos.
Amém.
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