A ansiedade surge por muitos motivos. Veja essa história que vou contar a seguir.
Em um dia nublado como hoje, mas com muita chuva e cheia de raios, um passageiro que estava prestes a fazer uma viagem aérea começou a ficar nervoso. Ao chegar ao aeroporto, descobriu que o seu voo iria atrasar por causa do mal tempo.
Então, decidiu dar uma caminhada dentro do aeroporto e encontrou uma dessas máquinas de vendas. Essa, em particular era bem peculiar: era uma máquina que vendia seguros de vida.
A máquina oferecia um seguro de vida, que cobria o valor de 100.000 dólares, e tinha validade imediata. O melhor de tudo era que o valor da apólice era de apenas 3 dólares!
Então, ele começou a pensar. Deu uma olhada na janela do terminal e viu que o tempo estava bem feio. Começou a lembrar da família e pensou: Bem, são apenas 3 dólares. É melhor eu fazer esse seguro e garantir que a minha família não tenha problemas caso alguma coisa aconteça comigo.
Foi o que ele fez.
Depois disso decidiu comer alguma coisa antes de embarcar e foi até a praça de alimentação. Lá chegando, viu uma variedade de restaurantes. Decidiu entrar em um restaurante chinês.
Como de costume, ao final da refeição o garçom trouxe um biscoitinho da sorte. Sem hesitar, o homem abriu o seu biscoito e leu a seguinte mensagem:
“O seu recente investimento pagará grandes dividendos”.
O texto que estudaremos aborda um tema muito pertinente à todos nós. Isso, porque diante de situações difíceis que enfrentamos, vemos aflorar esse sentimento: a ansiedade, ou a preocupação.
Eu temo que muitos já estejam sentindo certa ansiedade por já imaginar qual será a passagem que estudaremos agora. Mas, calma! Siga um pouco mais comigo.
Ao chegarmos no capítulo 12 de Lucas encontramos Jesus com os seus discípulos, rodeados por uma grande multidão de pessoas. O versículo 1 nos informa que
“… miríades de pessoas se aglomeraram, a ponto de uns aos outros se atropelarem.” (Lucas 12.1a)
Mas Jesus se volta aos seus discípulos e começa a ensiná-los de forma mais particular, o que fica evidente na continuação do versículo:
“…passou Jesus a dizer, antes de tudo, aos seus discípulos:” (Lucas 12.1b)
Porém, enquanto se dirigia aos seus discípulos alguém da multidão gritou:
“… Mestre, ordena a meu irmão que reparta comigo a herança.” (Lucas 12.13b)
Jesus se volta para ele e responde, dando uma lição sobre a avareza.
O versículo 15 captura o Seu ensino de forma resumida:
…Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza; porque a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui.” (Lucas 12.15b)
Terminando de dar essa lição, Jesus se volta novamente aos seus discípulos e propõe à eles um ensino, desta vez sobre a ansiedade. Trata-se da conhecida passagem de Lucas 12.22-34 que ocorre como um desenvolvimento desse início do capítulo, que vimos.
O ponto é que Jesus aproveita a declaração que acabara de fazer sobre o cuidado que devemos ter com a avareza, “porque a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui”, e adverte os seus discípulos dizendo:
“… não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer, nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir.
Porque a vida é mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes.” (Lucas 12.22b-23)
Talvez o teólogo Johann Arndt seja o que melhor tenha resumido este ensino de Jesus. Ele disse:
“A ganância [ou avareza] nunca se farta. Já a ansiedade teme que nunca terá o suficiente.” (Johann Arndt)
O objetivo da lição de Cristo é claro: não devemos andar ansiosos pela nossa vida.
Note que a palavra de Jesus aos seus discípulos, não se trata de uma mera sugestão. Jesus dá uma ordem: “não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer, nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir.”
Assim como Jesus, o meu objetivo é o de motivar você a obedecê-Lo, abandonando a ansiedade e estabelecendo, como prioridade, o reino de Deus, confiando no Senhor Jesus.
O meu desejo é de convencer você a não colocar a sua disposição mental em coisas que fogem ao seu controle. Antes, que confie Naquele que tem o controle sobre todas as coisas: Deus.
A lição de Cristo é objetiva e atual. Cristo ensina que a ansiedade não deve ser a nossa válvula de escape. Deus e o Seu reino é que devem tomar conta da nossa mente e da nossa vida.
Em primeiro lugar, Jesus ensina que você não deve ficar ansioso pela vida, pois é Deus quem a sustenta.
Jesus adverte que não devemos nos preocupar, ou ter ansiedade nem com a vida, ou seja, com o que comeremos, com nossa provisão, nem com o nosso corpo, isto é, com o que vestiremos. Note que ambos são necessidades.
Aliás em outra passagem, em 1 Timóteo 6.8 Paulo adverte Timóteo dizendo:
“Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes.” (1 Timóteo 6:8)
Mas aqui a ideia é outra.
Em 1 Timóteo Paulo está dizendo que devemos estar contentes com aquilo que temos pois o contentamento é a plena satisfação com a vontade de Deus.
Mas em Lucas, Jesus está ensinando que mesmo a falta destas coisas não deve ser motivo de ansiedade. A razão que Jesus dá para você não se preocupar e não andar ansioso pela vida e pelo corpo é:
“Porque a vida é mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes.” (Lucas 12.23)
Jesus dá uma ilustração para demonstrar a profundidade deste ensinamento. Ele diz no versículo 24:
“Observai os corvos, os quais não semeiam, nem ceifam, não têm despensa nem celeiros; todavia, Deus os sustenta.” (Lucas 12.24)
Como se este simples exemplo não bastasse, Jesus escolhe o corvo dentre todos as aves para servir de modelo. Ora, o corvo era uma ave imunda. Jesus podia ter escolhido uma pomba ou outra ave, mas escolhe uma ave imunda, um corvo, que é uma ave carniceira, uma ave que come animais mortos.
Como Jesus disse, essas aves não semeiam e nem ceifam. Ou seja, não plantam e nem colhem. E além disso, não tem celeiros nem despensa para guardar a comida. E sabe de uma coisa? Deus as sustenta.
Eu não me aventuraria a dizer que devemos seguir o exemplo do corvo, pois creio que seria um tanto quanto nojento, ainda mais em se tratando de uma ave carniceira. Mas a lição é clara: se Deus cuida até mesmo de um corvo, quanto mais não cuidará de você!
O argumento que Jesus usa vai de algo menor para algo maior, do menos importante para o mais importante. Se Deus se põe a cuidar, a sustentar o corvo, quanto a mais você!
Ou com o próprio Jesus disse no final do versículo 24:
“Quanto mais valeis do que as aves!” Lucas 12.24b)
É interessante pensar que o que nos sustenta vivos é o fôlego de vida vindo de Deus. A comida e a vestimenta são apenas meios para atingir o Seu propósito. E se precisamos destes meios para nos mantermos com fôlego, podemos ter certeza de que Deus os proverá, pois é Ele o sustentador!
Em segundo lugar, você não deve ficar ansioso pois há coisas sobre as quais você não tem controle. E para ensinar isso Jesus levanta outra pergunta, agora no versículo 25:
“Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida?” (Lucas 12.25)
Talvez você esteja se perguntando o que é um côvado?
Côvado é simplesmente uma unidade de medida. Agora, por conta da maneira que essa pergunta foi feita no original, ela pode ter duas interpretações. Uma delas sugere, justamente, o que está traduzido na edição ARA (Almeida Revista e Atualizada). Você é capaz de adicionar um segundo a mais na sua vida? E a resposta óbvia a ela é: não. Ninguém consegue prolongar a vida. Nem a melhor dieta do mundo pode fazer isso por você. Quando a sua hora chegar, será o fim. não haverá nada mais a ser feito.
Já a outra maneira de interpretar este texto é imaginar que alguém poderia acrescentar um pouco a sua própria estatura. Ou seja: quem é capaz de acrescentar um pouco à sua própria estatura? Ou, quem é capaz de crescer mais, de ficar mais alto, ou alguma coisa neste sentido. E novamente a resposta é: ninguém tem controle sobre isso.
Independente da forma que você interpretar esta pergunta, o raciocínio é o mesmo; há coisas que você não é capaz de fazer, que não estão debaixo do nosso controle.
Por isso Jesus diz logo em seguida, no versículo 26:
“Se, portanto, nada podeis fazer quanto às coisas mínimas, por que andais ansiosos pelas outras?” (Lucas 12.26)
Se você aceitou a primeira interpretação, prolongar a vida é algo simples para Deus. Mas, certamente, não é para você. Logo, o ensino aqui é que a ansiedade não é capaz de fazer nada por você, a não ser desperdiçar seu tempo e energia, que poderiam e deveriam ser utilizados para outros fins.
Em terceiro lugar Jesus ensina que você não deve ficar ansioso pela vida pois, a ansiedade, é um sinal de falta de fé em Deus.
A fim de ilustrar essa verdade, Jesus diz aos seus discípulos:
“Observai os lírios; eles não fiam, nem tecem.” (Lucas 12.27a)
Jesus diz: olhe para estas simples flores, note a sua beleza. Note, também, que elas não fiam, nem tecem. Ou seja, não traçam fios, não costuram, não fazem absolutamente nada para terem a beleza que têm.
“Eu, contudo, vos afirmo que nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles.” (Lucas 12.27b)
Nem mesmo o rei Salomão, no seu auge e em toda a sua glória, foi capaz de se vestir como um simples lírio. Se até os lírios, ou seja lá qual for a flor que Jesus tinha em mente ao dar esse exemplo, receberam o cuidado de Deus e foram vestidas de tanta beleza, quanto mais o serão os filhos de Deus!
Mas mais do que isso. Jesus diz:
“Ora, se Deus veste assim a erva que hoje está no campo e amanhã é lançada no forno, quanto mais tratando-se de vós, homens de pequena fé!” (Lucas 12.28)
Jesus passa dos lírios para a erva.
Ele diz que se Deus é capaz de vestir a erva, ou a grama, de tal forma, mesmo sabendo que seu valor é irrisório, que hoje nasce, mas que amanhã só serve para ser queimada, quanto mais Ele fará aos que são seus!
Eis a promessa de Deus a quem devemos clamar: Deus cuide de nós!
Note que o que Jesus está fazendo é dar uma resposta à seguinte pergunta:
– Se não vamos buscar coisas materiais, como devemos lidar com nossas necessidades físicas?
A resposta de Jesus a essa pergunta é bastante simples:
– Confie em Deus.
Mas o chocante, mesmo, é a maneira que ele termina o versículo 28: “homens de pequena fé!”
Aquele que insiste na ansiedade é alguém de pequena fé! A ansiedade é fruto da falta de fé em Deus e em sua Palavra, nada mais do que isso. Estar ansioso é duvidar que Deus seja capaz de realizar aquilo que Ele prometeu!
Por isso você deve confessar, a Deus, o seu pecado de duvidar que Deus suprirá as suas necessidades, assim com Ele prometeu.
A sua ansiedade é o reflexo da sua falta de fé!
Como você pode perceber, o assunto é bem extenso. Nós vimos que ele é tão comum ao homem, e tão importante, que o Senhor Jesus decidiu falar sobre o assunto. Ele não dá um bom conselho, ele dá o remédio que começa com uma ordenança: “não andeis ansiosos”.
Confie em Quem tem sustenta a vida! E fique tranquilo, Ele tem o controle de tudo! Eu volto ao tema na próxima semana porque há ainda mais a se dizer sobre esse assunto.
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