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A liberdade cristã

Diego Venancio
13/01/2019
Qual é a base de uma relação cristã? Seria a liberdade individual? Paulo nos ensina sobre isso na epístola aos coríntios.


Antes de começarmos, precisamos fazer algumas perguntas sobre o assunto liberdade:
O que é a liberdade? Será que ela deve ser vista como a condição mais fundamental para a nossa vida? Será que somos plenamente livres? Será que deveríamos desejar uma liberdade plena?
Em 20 de janeiro de 1890 ouviu-se no Brasil o seguinte refrão:

“Liberdade, liberdade
abre as asas sobre nós
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos sua voz”.

Este é o Hino da República.

A liberdade humana

Rompemos com a monarquia pensando estar concedendo a liberdade para o povo, trazendo o poder para o povo; afinal de contas República significa “coisa pública”, “coisa do povo”.
Bem, cá estamos nós, em 2019, tentando saber o que fazer com essa “coisa pública” que ainda parece ser um grande elefante numa loja de cristal. Temos impostos nos enforcando cada vez mais, uma burocracia pesada que consome tanto recursos quanto tempo de um país inteiro, uma constituição com milhares de emendas. A briga pelo poder e as ideologias provam que, talvez, não estejamos tão livres quanto esperávamos.
A realidade é que a liberdade não abriu as asas como nós esperávamos.
O imaginário humano idealiza um tipo de liberdade naqueles moldes de não ter a quem responder, não ter chefes ou alguém dizendo o que fazer ou não. Mas esse conceito imaginário é impossível de se concretizar. É impossível porque liberdade ilimitada pressupõe poder ilimitado. Se alguém tem liberdade ilimitada isso implicaria no fim da liberdade de todo o mundo. Portanto, a liberdade não é uma boa base para pensarmos na nossa existência.
A frase popular: “A minha liberdade termina quando começa a do outro” já nos orienta para mostrar que a liberdade tem limites.
Somente quem é onipotente pode ser plenamente livre. E esse único ser verdadeiramente livre é  Deus.

Liberdade condicionada

É por isso que a Bíblia não comete o erro que o hino e os brasileiros daquele tempo cometeram. Ela nunca parte do princípio de que o homem é livre no sentido pleno. A Bíblia parte do conceito de liberdade vigiada, liberdade condicionada. Uma liberdade condicionada ou vigiada pelo Ser supremo que é totalmente livre.
Gênesis 2.16-17, nos apresenta uma realidade de que a verdadeira liberdade está em ser obediente ao Ser que é plenamente livre:

“Então o SENHOR Deus ordenou ao homem: Podes comer livremente de qualquer árvore do jardim,
mas não comerás da árvore do conhecimento do bem e do mal; porque no dia em que dela comeres, com certeza morrerás.” (Gênesis 2.16-17)

A nossa liberdade nunca foi, nem nunca será plena, mas será uma liberdade vigiada por Deus e se nos submetermos a este conceito de liberdade, só aí seremos plenamente felizes desfrutando daquilo que Deus preparou para nós.

Liberdade e propósito

Ora, a liberdade não pode ser o fator primordial. Nós só seremos plenos, não quando tivermos toda a liberdade, mas quando cumprirmos o propósito para o qual fomos criados.
O cachorro, por exemplo não tem crise existencial. Não se pergunta porque ele tem um dono que não passeia com ele todos os dias. Isto acontece porque ele vive dentro do propósito para o qual foi criado. A mesma coisa ocorre com o peixe e os animais. Todos obedecem, sem questionar a sua natureza.
Nós estamos rompidos com Deus e em crise com a nossa natureza. Nós deveríamos manifestar a imagem e semelhança de Deus na terra, mas é justamente isso que estamos tentando negar: Deus!
Nós queremos ser Deus! Nós queremos ter a liberdade plena que Deus tem! Negamos o inegável; estamos no mundo de Deus. Rompemos com ele e nos tornamos escravos do pecado. Nossa relação com as coisas é uma relação idólatra.

Adão

Essa escravidão só terá fim pela graça e misericórdia de Deus que descerá do céu, pisará nesta terra e cumprirá, em perfeita obediência, as exigências colocadas para o primeiro Adão.  Jesus Cristo é o segundo Adão, o Adão perfeito que nos resgatou da nossa escravidão e nos colocou no plano da liberdade original.
E querem saber mais? A liberdade não é desejável nem mesmo para a realidade da glória celeste. Nossa liberdade será, eternamente, condicionada à pessoa de Jesus Cristo. Seremos, eternamente, criaturas que se relacionam com o Pai através do sacerdócio de Jesus. Nossa liberdade é total dentro dos propósitos e condições divinas.

O exercício da liberdade cristã, na prática

Tivemos a oportunidade de refletirmos um pouco sobre a liberdade e a aplicarmos na vida cotidiana da Igreja.
O nosso texto está baseado, principalmente em 1 Coríntios 10, dos versículos 23 a 33.
Os coríntios precisavam aprender a lidar com a liberdade que eles haviam recebido em Cristo. Mas, como acabamos de ver, nós somos livres em certo sentido. O que Paulo procura rebater é a questão dos coríntios participarem de festividades pagãs e ali comerem comida oferecida aos ídolos.
De fato, o comer uma comida oferecida aos ídolos não é um mal em si. Paulo já falou sobre anteriormente em 1 Coríntios 8.4-6:

“No tocante à comida sacrificada a ídolos, sabemos que o ídolo, de si mesmo, nada é no mundo e que não há senão um só Deus.
Porque, ainda que há também alguns que se chamem deuses, quer no céu ou sobre a terra, como há muitos deuses e muitos senhores,
todavia, para nós há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem existimos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós também, por ele.”

Ao que parece, Paulo usa o argumento deles contra eles próprios. Para eles poderem participar das comidas oferecidas aos ídolos pagãos eles se valiam deste argumento:

“Todas as coisas são permitidas, mas nem todas são proveitosas. Todas as coisas são permitidas, mas nem todas são edificantes.” (1 Coríntios 10.23)

“Todas as coisas me são lícitas…” sendo subentendidas pela liberdade conquistada em Cristo.
Mas Paulo vem trazer os cuidados que eles deveriam ter e as implicações que não enxergavam.
Paulo usa a palavra oikodomei que significa edificam, ou acumulam. Portanto traz o sentido de que determinadas ações embora não caiam num problema religioso, ético, elas não constroem nada benéfico também. Nós como cristãos temos a preocupação de fazer algo, sempre, com pensamento superior, algo de qualidade elevada.
Outra coisa para se notar é que Paulo é mais negativo na abordagem do versículo 23. É mais como um tom de “não faça” do que em tom de autorização. A razão primordial para isso é a preocupação com os irmãos, principalmente com aqueles que são mais fracos.
Paulo diz para comer de tudo o que se vende no mercado sem perguntar de onde veio aquela comida, para que a consciência não seja contaminada.

“Ninguém busque seu próprio bem, e sim o dos outros.
Comei de tudo quanto se vende no mercado, sem nada perguntar por causa da consciência.
Pois do Senhor é a terra e a sua plenitude.”  (1 Coríntios 10.24-26)

Nós fazemos certas coisas sem saber o real propósito. Isso para que não nos tornemos coniventes com aquilo. Essa é uma questão de sabedoria. Pois se nós soubermos de onde vem e como são produzidas certas coisas, teremos, então, que tomar uma atitude.
Neste questão, a de comer as coisas sem saber o procedimento, Paulo argumenta que temos liberdade de comer, pois “Do Senhor é a terra e a sua plenitude”.
Veja bem em quais condições Paulo usa este argumento. Deus criou o alimento e não será o fato de alguém dizer que aquilo é para este ou aquele deus, que o alimento deixará de ser saudável para comer. Deus é quem fez aquilo.
Porém, devemos sempre levar em conta que pecado entrou no mundo e nem todas as coisas são puras. Nem olhamos com pureza para elas. Veja como este argumento pode ser deturpado por teólogos liberais: “Deus fez o sexo, sexo é bom. Não pode ser mal, porque Deus o fez. Então, praticarei como eu quiser”.
Consegue entender a distorção do argumento? Os liberais não levam em conta a depravação total. O homem está corrompido pelo pecado. Por isso, precisamos analisar as nossas relações com as pessoas e com as coisas, pois podemos usá-las de modo pecaminoso, apesar de ter sido feito por Deus.
A minha liberdade nunca é totalmente livre, principalmente no seio da Igreja. Lá isso ocorre por causa da preocupação com escândalo que pode provocar nos irmãos de consciência mais fraca.
No versículo 27, o argumento é quase o mesmo.

“Se, portanto, algum incrédulo vos convidar, e quiserdes ir, comei de tudo que vos for servido, sem nada perguntar por motivo de consciência.” (1 Coríntios 10.27)

Percebe-se aqui uma negativa “e quiserdes ir“,  Paulo não está estimulando o comer na casa de incrédulos, por causa de todos os problemas de idolatria existentes na cidade.
No versículo 28, se alguém alertar sobre algum alimento, então, não devemos comer, porque isso será escândalo para quem advertiu.

“Mas, se alguém vos disser: Isto foi oferecido em sacrifício, então não comais por causa daquele que vos advertiu e por motivo de consciência.” (1 Coríntios 10.28)

No versículo 29 percebemos um cuidado de Paulo, não só com as coisas que edificam, mas também com a liberdade. Ele preza a liberdade.

“Não estou falando da tua consciência, mas da consciência do outro. Pois, por que seria julgada a minha liberdade pela consciência de outra pessoa?” (1 Coríntios 10.29)

Interessantíssimo, porque o sentido aqui é que não devemos, também, acomodar a nossa consciência à consciência dos crentes mais fracos. É desejável que os crentes de consciência mais frágil amadureçam.
Vejam um trecho das Institutas, onde Calvino alerta sobre isso:

“Nos dias de hoje, muitos nos consideram tolos por fazermos defesa do livre uso das carnes, do livre uso dos dias da semana e das roupas, e de outras coisas semelhantes, que a eles parecem brincadeiras frívolas.
Entretanto, há nisso maior importância do que vulgarmente se crê, pois, uma vez que as consciências caem em tais laços, entram num longo e inextrincável labirinto, do qual não é fácil sair depois. Se alguém começar a duvidar se é lícito usar linho em seus lenços, camisas, toalhas e guardanapos, depois não estará seguro nem sequer de poder usar cânhamo, e, no fim, começará até a duvidar de ser lícito usar estopa.
E dará voltas ao redor de si, perguntando-se se pode cear sem guardanapos ou não, se pode abrir mão das toalhas. Se alguém acha que parecerá lícita uma ceia um pouco mais delicada, em breve não lhe virá à mente a ideia de que poderia sustentar seu corpo com alimentos ainda mais inferior. Se hesitar quanto a um vinho mais fino, logo não beberá com a consciência tranquila nem aguapé, e finalmente não se atreverá em tocar nem a água mais doce e clara que outra.
Em resumo: irá tão longe em sua loucura que terá por gravíssimo pecado passar por cima de uma palhinha atravessada, como se diz.” ( Instituição da religião – Tomo 2 página 298/299 – Editora Unesp)

O exemplo de Calvino mostra a realidade daqueles que vão achando problema em tudo até ao ponto de não terem confiança, de não fazerem mais nada, por serem acusados por sua consciência pesada.
O argumento continua no versículo 30.

“E, se participo com gratidão, por que eu seria culpado por algo pelo que dou graças?” (1 Coríntios 10.30)

Se dentro daquilo que não é ordenado, nem fere princípios fundamentais da fé, das Escrituras e da consciência, então deve feito com gratidão a Deus. Ou seja, o árbitro de tudo é Deus. A consciência frágil de alguns irmãos não deve tirar a paz de um irmão que pratica tal coisa com gratidão.
No versículo 31, Paulo usa um critério ainda mais pesado do que as consciências. É o de que Deus está vendo tudo e tudo deve ser feito buscando a Sua glória.

“Portanto, seja comendo, seja bebendo, seja fazendo qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus.” (1 Coríntios 10.31)

Nos versículos 32, 33 e 1 do capítulo 11 Paulo diz que não devemos servir de tropeço para ninguém. Ao contrário, devemos ganhar nossos irmãos.

“Não vos torneis motivo de tropeço nem para judeus, nem para gregos, nem à igreja de Deus,
assim como em tudo eu também procuro agradar a todos. Pois não busco meu próprio bem, mas o de muitos, para que sejam salvos.” (1 Coríntios 10.32-33)

Perceba a harmonia entre os versículos 31 a 33. Não é o pensamento de: “faça para a glória de Deus, com gratidão, apesar de lesar o irmão de alguma forma.” Nada glorifica a Deus se prejudica os irmãos de consciência mais frágil.

Conclusão

No capítulo 11, versículo 1, Paulo encerra, dizendo:

“Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo.” (1 Coríntios 11.1)

No final das contas, o que sustenta essa relação entre irmãos? É a liberdade?
No que, Paulo imita à Cristo?
Paulo imita em muitas coisas, mas o que ele quer dizer, com isso, é que ele imita à Cristo principalmente no amor. É impossível, para nós, termos liberdade plena, mas Deus nos faz livres pelo amor. Deus usou da sua liberdade para nos criar, por amor. Jesus Cristo usou da sua plena liberdade para nos dar a sua vida, por amor.
Nós devemos ter cuidado naquilo que fazemos, por causa dos nossos irmãos, não baseados na liberdade, mas no amor.
Então, a questão não é se sou livre para fazer ou não certas coisas. A questão é se amamos e assim ganhamos nossos irmãos!
Cristo levou em conta nossa fragilidade total. Assim, deu a sua vida por nós para nos ganhar para Deus. É nisso que o apóstolo imita o nosso Senhor. E é nisso que devemos imitá-lo.

 

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