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O Rei crucificado

Rodrigo Galente
21/01/2019
Jesus é o Rei dos reis que teve a grande desonra de morrer como um escravo, pagando por crimes que não cometeu.

A crucificação, segundo Robert H. Gundry, Ph.D. pela Universidade de Manchester, era um método para punir, sobretudo, criminosos e escravos. Imagine, agora, alguém espalhar que uma pessoa que foi morta por meio da cruz é, na verdade, um rei. Não um rei qualquer, mas o Rei do universo, o próprio Deus!
O texto do evangelho de Marcos tem como um de seus principais objetivos contrabalancear o Jesus morto na cruz com o Jesus que também era Rei. Isso, segundo Gundry, “é obtido quando ele realça o poder que Jesus tinha de operar milagres, de expulsar demônios, de ensinar de forma extraordinária, de vencer oponentes no debate, de atrair multidões, de predizer o futuro (incluindo sua própria morte) e de ressuscitar os mortos”.  Ou seja, apesar da vergonha que a cruz propusera para Cristo, Marcos demonstra que Ele não era um escravo, ou mesmo um bandido cuja morte era merecida. Era um Rei que morreu por algo maior.
Segundo Timothy Keller, em seu livro “A Cruz do Rei”, podemos dividir o evangelho de Marcos em dois períodos principais: o primeiro trata de Jesus como rei, nos capítulos de 1 a 8, e o segundo é o caminho de Cristo até a a cruz, que vai do capítulo 9 ao 16. Podemos ver que, segundo Keller, essa é uma divisão totalmente simétrica, que Marcos faz em seu livro.
Levando isso em conta, iremos analisar como Marcos trata e exalta, apesar da crucificação, a pessoa de Jesus, levando o seu leitor a entender a grandeza daquele que foi morto de forma tão horrenda.

O Rei, o Filho de Deus

Marcos não demora para mostrar quem é Jesus. Como apontar a real identidade de Cristo antes da crucificação era um dos objetivos do autor, já podemos ver no primeiro versículo do primeiro capítulo a definição que o autor dá ao seu mestre:

“Princípio do evangelho de Jesus Cristo, o Filho de Deus.” (Marcos 1.1)

Logo após essa introdução abrupta à identidade de Jesus, Marcos muda a narrativa para João Batista abrindo caminho para o Ungido, o Messias prometido. Diferentemente, portanto, de Mateus e Lucas, que começam seus respectivos evangelhos contando a história, desde a infância de Jesus, Marcos já inicia seu texto com o ministério de Cristo. Isso demonstra tanto o aspecto urgente que o livro de Marcos parece ter, quanto a identidade real de Jesus já apontada no começo da narrativa.
A associação de Cristo como Filho de Deus volta a aparecer em outros momentos, como no batismo onde vemos Deus Pai se referindo à Jesus como filho (Mc 1:11); na expulsão de demônios (Mc 3:11; 5:7), onde os espíritos malignos o gritam: “Tu és o Filho de Deus” e pelo centurião romano (Mc 15:39), logo após a morte de Jesus. Mas qual o significado deste atributo que Marcos, Deus, demônios e o centurião deram à Cristo? Segundo Ladd,

“Jesus é chamado o Filho de Deus por causa de seu poder sobre o mundo espiritual”. (George Ladd)

Além disso, segundo o próprio Ladd, no texto do batismo, aonde o Pai diz: “Tu és o meu Filho amado; em ti me agrado”, vemos a ideia da eleição do Filho, levando em conta a missão que estava por vir e a nomeação como o Messias esperado.
O que vemos, portanto, é a atribuição, de Marcos à Jesus, tanto de poderes espirituais quanto de alguém comissionado e escolhido por Deus para uma missão. Estes fatos já demonstram a importância e a autoridade daquele que viria a ser crucificado tempos mais tarde.

Os atos de Jesus

Como atos de Jesus, quero dizer todas as atitudes que Ele teve após seu batismo e seu comissionamento. Isso inclui o chamado dos discípulos, a pregação, os exorcismos, as cura, os milagres e os ensinos.
Após a tentação relatada por Marcos, Jesus prega e chama pessoas para Lhe seguirem. É o que vemos em Marcos 1:15-20. Segundo Gundry,

“O ‘evangelho de Deus’ consiste na proclamação de que o Reino de Deus, ou seja, seu governo, chegou. Esse governo é demonstrado pelo efeito poderoso do chamado de Jesus que se estende a Simão, André, Tiago e João.”

Existe no chamado e na pregação de Cristo uma demonstração de poder. Tanto a anunciação da chegada do governo de Deus, quanto sua escolha de pessoas eram algo surpreendentes. De acordo com Keller, o fato de Jesus chamar seus discípulos “é algo sem paralelo na tradição judaica. Os pupilos escolhiam os rabis (ou mestres), e não o contrário.”
Jesus tinha autoridade para proclamar o reino e escolher seus seguidores. Não só isso, mas também exercia autoridade no ensino e no exorcismo. O final do rico capítulo 1 de Marcos nos mostra Jesus ensinando de uma forma que maravilhava os seus ouvintes. Mas tanto na expulsão aqui citada quanto nas que ocorrem mais para frente, mostram ao leitor de Marcos o poder de Jesus sobre o mundo espiritual. Ele não era qualquer um, mas alguém que mandava e o espírito imundo obedecia.
Na sequência do texto, Marcos diz que Jesus “… curou muitos que sofriam de várias doenças.” (Mc 1:34). E isso acontecia até mesmo em um sábado. O Messias de quem Marcos falava não tinha poder apenas sobre o mundo espiritual. O mundo físico também fazia parte de seu domínio. Gundry nos diz, falando da cura do leproso que acontece entre os versículos 35 e 45 do capítulo 1:

“A purificação de um leproso destaca a capacidade que tem Jesus de fazer o que somente Deus pode fazer, e isso com um simples toque e uma mera palavra”.

Temos, também, outros relatos de cura importantes no evangelho estudado. Por exemplo, no capítulo 5 vemos a cura da mulher com hemorragia e a ressurreição da filha de Jairo. No capítulo 7 vemos a cura de um homem surdo e gago. Jesus tinha o poder de cura não só espiritual, mas também corpórea.
E não só a cura física das pessoas demonstravam o poder de Jesus sobre a matéria. O controle da natureza também estava sob a sua jurisdição. Podemos ver, por exemplo, em Mc 4:35-41 Jesus acalmando uma tempestade. Sua atitude fez os discípulos se perguntarem no versículo 41:

“Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?”

Gundry nos diz que os detalhes que Marcos relata sobre a tempestade ampliam a visão do poder que Jesus exerceu sobre ela. É a manifestação, que o autor mostra, sobre a autoridade que Cristo exerce sobre todas as coisas, tanto no mundo físico quanto no espiritual. Vemos, também, este poder sendo exercido quando Jesus anda sobre as águas, em Marcos 6:45-56, e nas duas multiplicações de pães, a primeira em Marcos 6:30-44 e a segunda em Marcos 8:1-9.
Jesus tinha autoridade no mundo físico, espiritual e também no intelectual. Seu ensino era poderoso por conta da autoridade ali contida. Keller, ao comentar sobre o ensino de Jesus na sinagoga, em Marcos 1:21-22, diz que

“Marcos quis dizer que Jesus os ensinava com autoridade original, e não derivada. Ele não apenas esclarecia algo que eles já soubessem ou simplesmente interpretava as Escrituras do mesmo modo que os mestres da lei faziam.” (Tim Keller)

Essa autoridade, ao ensinar, esteve em Jesus por todo seu ministério. Ele não era mais um mestre da lei. Ele era alguém maior. Existia um imenso valor no homem que foi morto no madeiro.

A autoridade

Acabei de dizer que Cristo era uma autoridade em seu ensino. Keller diz que a palavra autoridade significa, literalmente, “algo derivado de uma fonte original”.
Sendo Jesus essa fonte original, ou seja, não alguém apenas que cumpre as Escrituras, mas alguém de quem elas provem, Ele tinha um poder diferente de qualquer líder judeu.
Podemos destacar algumas ações de Jesus, que Marcos foca no seu evangelho, e que para qualquer judeu seria uma blasfêmia, quanto mais para um rabi. São elas: perdoar pecados, comer com publicanos, dispensar o jejum (ainda que momentaneamente) e trabalhar/curar em um sábado.
Todas essas atitudes supracitadas levam um leitor familiarizado com o judaísmo a questionar tais praticas. Jesus, de fato, não era apenas um mestre da lei. Nenhum mestre poderia realizar tais ações, as quais, para qualquer leigo, seriam consideradas ultrajantes. Quando Cristo realiza o que, em tese, não deveria ser a atitude de um rabi, ele demonstra duas coisas: ou Ele não poderia ser considerado mestre, ou Ele era mais do que um mestre, ou seja, tinha uma autoridade, um poder, maior do que um mestre fariseu ou um escriba.
Levando isso em conta, a resposta que Marcos nos dá parece estar mais vinculada à segunda opção. Jesus comprova o seu poder de perdoar pecados ao curar o paralítico em Mc 2.1-12, e refuta os críticos no restante do capítulo 2 quando Ele, na sequência proposta por Marcos, come com publicanos e pecadores, não realiza o jejum e colhe alimentos em um sábado. Marcos, alias, parece fazer uma sequência de confrontos, no que foi considerado pela Igreja o capítulo 2 de seu livro, contra os mestres da lei e fariseus. Parece haver uma disputa de autoridade em questão. E Cristo, o Filho de Deus, comissionado pelo seu Pai para a missão de salvar seu povo dos pecados, sai como o vencedor. Isso porque, enquanto os fariseus e mestres da lei tinham sua autoridade vinda da Lei, a de Jesus vinha de si mesmo, sendo Ele o próprio Deus.
Aquele que foi morto na cruz tinha em si uma autoridade que superava a de qualquer liderança judaica na época. Ele não era um bandido ou um escravo. Ele era o Rei, o qual tem em si toda autoridade nos céus e na terra.

A ressurreição

Seria estranho se, após tudo que Jesus realizou e demonstrou, a sua vida acabasse na forma de morte na cruz. Poderia ser a comprovação de que Deus não estava ao seu lado, ou de que tudo que havia sido realizado, até então, não tinha valido de nada. Mas a história não parou na morte de Cristo. Marcos não conta a história de um mestre, um profeta, um messias que foi morto pelas autoridades judaicas e pela guarda romana. Jesus ressuscitou!
A ressurreição de Cristo dava um novo olhar para a Sua morte na cruz. A humilhação de ser crucificado no madeiro se transforma em exaltação pelo que agora vive e reina. Segundo Gundry,

“A ressurreição de Jesus soma-se a outras características de Marcos para apagar a vergonha da crucificação e assim validar o evangelho de Jesus Cristo para os não-cristãos”.

Keller ainda nos fala do choque que é a ressurreição para a época:

“A ressurreição era tão inconcebível para os primeiros discípulos, algo tão impossível de crer, quanto é para muitos de nós hoje em dia. Reconheço que eles tinham razões diferentes de nós para isso.
Os gregos não acreditavam na ressurreição; para a cosmovisão grega, a vida após a morte consistia na libertação da alma desse corpo. Para eles, a ressurreição jamais seria parte da vida após a morte.
Quanto aos judeus, alguns deles acreditavam em uma ressurreição geral no futuro, quando o mundo todo seria renovado, mas não tinham um conceito de ressurreição individual. As pessoas da época de Jesus não estavam mais predispostas do que nós a crer na ressurreição.”

A análise que Keller faz da realidade da ressurreição para a época demonstra a grandiosidade do feito de Jesus. Ele chocou a todos, gentios e judeus. Ambas visões de mundo se espantam com tal ato. Não é a toa que o evangelho é escândalo.
Mas, por meio do relato do Cristo ressurreto, assim como de todos os seus feitos durante a vida, Marcos mostra ao leitor que aquele que morreu na cruz não era alguém digno de tal desonra. Se Ele a sofreu, foi por um propósito maior. Foi pela grandiosidade de um Rei.

Conclusão

Não foi um homem qualquer que foi morto na cruz. Marcos demonstra isso por meio de seu evangelho, relatando a autoridade e a identidade do filho de Deus.
Todo caminho percorrido por Jesus foi glorioso, apesar da humilhante cruz. Humilhação, alias, que, parafraseando Emmanuel Lévinas, só aconteceu por conta de quem Cristo era. A humilhação só acontece por conta da Sua glória. Caso Jesus não fosse tão grande, não fosse o maravilhoso Rei, a humilhação também não teria grandes proporções.
A cruz é um símbolo cristão. Nos mostra o amor de Deus, a paixão de Cristo, um Rei que morreu por nós, meros pecadores. Mas não podemos pensar no Cristo humilhado sem lembrar de Jesus que é Filho de Deus, o Rei. Do Cristo que tem autoridade. Do Senhor que ressuscitou e hoje vive. Levando tudo isso em conta, a cruz, que deveria humilhar, só mostra quão amoroso Jesus foi. E é!
Ver alguém com tanto poder sofrer tal morte por amor de quem não merece só pode nos levar à uma resposta: nos humilhar diante daquele que foi humilhado.
Ele é Rei, Rei dos reis, Rei pra sempre, o Rei que se humilhou, mas é desde sempre e para sempre exaltado!

REFERÊNCIAS:
KELLER, T.  A cruz do Rei. 1. ed. São Paulo: Vida Nova, 2012.
GUNDRY, R. H.  Panorama do Novo Testamento. 3. ed. São Paulo: Vida Nova, 2008.
LADD, G. E.  Teologia do Novo Testamento. 1. ed. São Paulo: Hagnos, 2003.

 

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